No Brasil, como nos EUA, uma criança pode entrar na escola aos quatro anos e se não parar de estudar aos 25 terá doutorado, mas as semelhanças param por aqui. Nos EUA é privilegiado a vivência do aprendizado, onde o aluno é levado a refletir sobre como aquilo que ele estuda poderá influenciar na sua vida. No Brasil a preocupação é cumprir um currículo preparado décadas atrás, sem levar em conta o indivíduo e preparar os estudantes para passar em um vestibular.
Essas diferenças só ficam mais visíveis ao longo dos anos. Por exemplo, quem cursa o ensino médio em terras norte-americanas têm apenas três disciplinas obrigatórias: inglês, matemática e história. As outras — química, física, biologia, artes, música, computação, fotografia, etc — são optativas e assim, o estudante pode se aprofundar nas áreas que tem mais afinidade.
No Brasil, todos os adolescentes têm que cursar 13 disciplinas, que vão de biologia à física, ainda que não tenham nenhuma afinidade com as mesmas. Essa flexibilidade do ensino é também forte no superior, enquanto no Brasil aqui é preciso decidir qual carreira seguir antes mesmo de ser aprovado no vestibular, nos EUA , os dois primeiros anos da graduação contém disciplinas genéricas e a escolha da especialização só acontece nos dois últimos anos.
Outra diferença nos EUA é a existência de “Majors” and “Minors”. Major é o seu curso principal, sua graduação (Direito, Quimica, Matemática, etc.) e Minors são as subespecializações, ou seja, além dos sistema de ensino dos EUA preparar o cidadão desde os 4 anos de idade para ser um especialista, na faculdade essa alternativa é levada ainda mais a sério. Os cursos de Minors estão dentro dos Majors e dependendo da faculdade e do aluno é possível cursar ao mesmo tempo mais de uma majors.
Em resumo, o ensino americano, tanto no ensino médio (High School) ou na Universidade (college), é menos técnico que no Brasil. Aqui o aluno não tem que aprender Matemática, Biologia ou Geografia em detalhe. A profundidade de conteúdo é menor e o foco está no aluno ter a base em vários temas e ter um aprendizado mais diverso. As atividades extra-curriculares (esportes, teatro, música) são tão importante quanto aprender as leis da física.
A cultura americana valoriza a competitividade e isso se reflete também no ensino. As maioria das notas são dadas por curvas forçadas e o valor depende da sua posição em relação a média da turma. Não importa ter acertado 90% da prova. Se a maioria da classe acertou mais que você, seu conceito (de “A” a “D”, normalmente) será ruim. E sempre ficará claro quem é o melhor e quem é o pior. Bem diferente do Brasil, onde colégios e professores evitam comparações entre alunos para não tirar a confiança dos que não tem um desempenho tão bom.
A participação na aula, através de comentários e perguntas, é algo obrigatório. Varia de escola para escola, mas os comentários do estudante normalmente é parte relevante da nota do mesmo. Na escola de negócios de Harvard (HBS), isso representa metade da nota em todas as matérias. Isso força os alunos a se prepararem para as aulas e aprender a demonstrar seu ponto de vista de forma estruturada. Bem diferente do Brasil onde normalmente o professor fala durante toda a aula e o aluno normalmente tem uma postura passiva.
Níveis
Nos EUA três níveis governamentais diferentes: federal, estadual e local (municipal) controlam o sistema de ensino, mas diferente do Brasil, As Escolas públicas são administradas por distritos escolares, estas administradas por conselhos escolares, cuja jurisdição é geralmente (mas nem sempre) coexistente com os limites de uma cidade ou um condado.
Padrões educacionais são responsabilidade dos departamentos de moda de cada Estado. Ao contrário do Brasil e seus inúmeros Planos Nacionais de Educação que não levam em conta as diferenças de nenhum gênero ou espécie. A idade onde o atendimento escolar é compulsório varia de Estado para Estado. Crianças e adolescentes são obrigados a frequentarem a escola até a idade de 16 anos (ou até a finalização do segundo grau), na maioria dos Estados. Estudantes podem frequentar escolas públicas, privadas ou domésticas. Nas duas primeiras, educação está dividida em três níveis: elementar (elementary school) , média (middle school) e secundária (high school).
Os Estados Unidos possuem uma população relativamente educada. Estima-se que 99% da população americana seja alfabetizada. Em 2003, havia 76,6 milhões de estudantes frequentando a escola. Destes, 72% entre 12 e 17 anos de idade foram consideradas academicamente “no caminho” pela sua idade. 5,2 milhões (10,4%) dos estudantes frequentam escolas privadas. Entre a população adulta, mais de 85% da população americana possui um diploma de segundo grau, e 27% possui um diploma de ensino superior. O salário médio de estudantes com um diploma de educação superior é de 45,5 mil dólares, mais do que dez mil dólares acima da média.
Porém, alunos americanos possuem notas abaixo da média quanto a tópicos relacionados com ciências e matemática, em comparação a outros países desenvolvidos. Nas escolas públicas americanas os alunos têm aulas o dia todo, não apenas no turno da manhã ou da tarde.
As escolas públicas americanas são equipadas com laboratórios para aulas de ciências (primeiro grau) e especificamente física, química e biologia (segundo grau). Nas escolas americanas, as aulas de educação física são levadas a sério. Há organização e competição nos esportes. Nas escolas públicas americanas não se usa uniforme. Nas escolas públicas americanas há armários onde os alunos podem deixar seus livros ou outros materiais escolares.
LDB
A educação no Brasil, segundo o que determina a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) deve ser gerida e organizada separadamente por cada nível de governo. O Governo Federal, os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem gerir e organizar seus respectivos sistemas de ensino. Cada um desses sistemas educacionais públicos é responsável por sua própria manutenção, que gere fundos, bem como os mecanismos e fontes de recursos financeiros. A nova constituição reserva 25% do orçamento do Estado e 18% de impostos federais e taxas municipais para a educação.
Segundo dados do PNAD, em 2007, a taxa de literacia (capacidade do individuo lê e entender) brasileira foi de 90% da população, o que representa 14,1 milhões de analfabetos no país, já o analfabetismo funcional atingiu 21,6% da população. O analfabetismo é mais elevado no Nordeste, onde 19,9% da população é analfabeta. Ainda segundo o PNAD, o percentual de pessoas na escola, em 2007, foi de 97% na faixa etária de 6 a 14 anos e de 82,1% entre pessoas de 15 a 17 anos enquanto o tempo médio total de estudo entre os que têm mais de 10 anos foi, em média, de 6,9 anos.
O ensino superior começa com a graduação ou cursos sequenciais, que podem oferecer opções de especialização em diferentes carreiras acadêmicas ou profissionais. Dependendo de escolha, os estudantes podem melhorar seus antecedentes educativos com cursos de pós-graduação Stricto Sensu ou Lato Sensu.
A educação brasileira é regulamentada pelo Governo Federal, através do Ministério da Educação, que define os princípios orientadores da organização de programas educacionais. Os governos locais são responsáveis por estabelecer programas educacionais estaduais e seguir as orientações utilizando os financiamentos oferecidos pelo Governo Federal. As crianças brasileiras têm que frequentar a escola no mínimo por 9 anos, porém a escolaridade é normalmente insuficiente.
Comparação
Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o Estado ocupa um papel relevante no setor de educação. No entanto, há uma grande diferença entre a intervenção estatal norte-americana e a brasileira: a etapa ou estágio em que o Estado concentra sua intervenção. Nos Estados Unidos a ênfase da ação e dos recursos estatais concentra-se na educação fundamental e no ensino médio, deixando para o setor privado a maior parcela de iniciativa e responsabilidade pelo ensino superior. No Brasil ocorre o oposto.
Nos EUA, embora desde os primeiros momentos da colonização inglesa na América houvesse casos de intervenção do governo na educação fundamental (em 1642, Massachusetts tornou compulsória a educação básica, sendo seguida por outras colônias ainda na mesma década), o ensino era predominantemente privado e foi somente em meados do século XIX que o governo efetivou sua presença na educação, mediante o estabelecimento generalizado de escolas públicas. O caráter obrigatório e gratuito da educação limitava-se ao ensino primário.
No Brasil, a presença do Estado na educação só ocorreu, de forma sistemática e generalizada, no século XX, após a Revolução de 1930. No século XIX, a intervenção do governo foi marcada pela criação, em 1808, das duas primeiras faculdades brasileiras (Medicina e Direito), como resultado da transferência da Corte portuguesa para o Brasil. Assim, a presença do Estado no setor se localizava no âmbito da educação superior e atendia quase exclusivamente ao restrito grupo das elites locais e aos recém-chegados membros da Corte.
As faculdades criadas pelo príncipe regente D. João VI têm um valor simbólico para a história do Brasil, na medida em que coincidem com uma visão ainda hoje predominante entre setores da sociedade e do governo que patrocinam um processo político de transferência de renda para subsidiar o estudo superior dos filhos das elites e da camada média em prejuízo ao provimento de um ensino fundamental de melhor qualidade à maioria da população. Sobre esse modelo de intervenção estatal na educação se justapõem duas questões, uma de natureza social e outra de caráter econômico, ainda que no mundo concreto essas duas questões se encontrem fortemente imbricadas.
A primeira delas leva em conta a natureza escassa dos recursos e refere-se ao custo de oportunidade, isto é, que benefícios à educação fundamental são deixados de lado para que seja atendida a reivindicação dos setores da elite a um ensino superior público e gratuito? A segunda questão relaciona-se à produtividade, isto é, considerando a dificuldade de atender satisfatoriamente à etapa fundamental do ensino, cabe perguntar em qual delas a presença do Estado teria maior impacto sobre o aumento do pool de talentos da sociedade e, consequentemente, sobre a liberação e maximização do capital humano do País?
Em outras palavras, as universidades brasileiras não recebem os jovens mais talentosos do País (que podem ser encontrados em todos os estratos socioeconômicos, inclusive nos mais baixos), mas apenas aqueles da camada média que tiveram oportunidade (na educação privada) de desenvolver seus talentos e aptidões. De modo que, muitos jovens talentosos que poderiam desenvolver a tecnologia, o conhecimento e o Produto Interno Bruto do País não são “aproveitados” pelo sistema educacional brasileiro. Assim, capital humano (que é hoje reconhecido como a principal riqueza de uma nação) é deixado de lado e subaproveitado, quando não marginalmente aproveitado pelo crime organizado e outras atividades sócio e economicamente destrutivas.
Evidentemente que tal diferença no sistema educacional norte-americano e brasileiro se insere em espaços marcados por distintas ordenações políticas e culturais. A grosso modo temos como distinção central o aspecto democrático da sociedade norte-americana e que se traduz numa educação básica pública democratizada, abrindo oportunidades aos seus cidadãos talentosos. Do outro lado, no caso do Brasil, temos uma sociedade historicamente elitista e autoritária e uma educação que expressa tal situação.
Assim, no Brasil, como colocado anteriormente, temos certo descaso do Estado em relação as duas primeiras etapas da educação (fundamental e médio) frente a um ensino público de relativa boa qualidade no âmbito superior. Essa situação se perpetua graças a um ciclo vicioso elitista: os jovens de boa condição socioeconômica frequentam as melhores escolas nas duas primeiras fases da educação se tornando os cidadãos aptos a ingressar no ensino superior de melhor qualidade.
Conteúdo
O conteúdo da educação está intimamente ligado aos objetivos da mesma. No entanto, há mais um agravante na problemática educacional do Brasil quando comparada aos Estados Unidos: a educação privada no ensino médio a que jovens da camada média e elite têm acesso é melhor no que concerne à “formação” para o ingresso nas universidades, ou seja, apenas para garantir boa aprovação nos insossos vestibulares. Por outro lado, pesquisas sobre as escolas privadas de Washington mostram que o elemento considerado como prioritário pela sociedade da capital norte-americana é a qualidade das atividades e o nível de formação dos profissionais da área de arte e desportos, considerado fator fundamental para o desenvolvimento de habilidades centrais, tais como criatividade, a inovação e capacidade de atuar em equipe.
Nos Estados Unidos, as empresas e os departamentos de Recursos Humanos dão grande atenção a jovens recém-formados que, durante sua vida escolar, tenham sido, por exemplo, chefe-de-torcida em sua escola, por considerarem essa atividade um fator indicador de capacidade de liderança e coordenação. Já nas escolas-empresas do Brasil, de um modo geral, o espaço para a arte e os desportos é praticamente desprezível. Os diretores-empresários, interessados somente em lucrar, substituem os educadores.
Para os “coronéis” da educação é mais fácil (e barato) organizar um produto-ensino canalizando toda a energia da “garotada” para a memorização de conteúdos que a maioria dos estudantes não tem noção de por que estudá-los – a não ser pelo fato de que podem “cair no vestibular”. São dessa maneira consumidos em sua juventude num esforço enorme em torno das infindáveis listas de exercícios de química, física, etc… As artes e os os esportes que efetivamente poderiam contribuir na formação de um indivíduo autônomo, criativo e produtivo, são legados ao esquecimento.
Resultados
A aferição dos resultados obtidos pelos modelos educacionais mantidos pelos Estados Unidos e pelo Brasil deve levar em conta não a comparação direta entre os dois países, mas sim entre esses e os seus pares internacionais. Por isso, comparamos os Estados Unidos aos países desenvolvidos e o Brasil aos países emergentes. No que diz respeito ao ensino superior, o modelo norte-americano apresenta resultados inquestionavelmente positivos, mesmo quando comparado a seus pares altamente industrializados.
Os Estados Unidos têm 60 instituições universitárias entre as 200 melhores do mundo, contra 26 da Inglaterra, 11 do Japão, 10 da Alemanha e 3 da França. Vale a pena notar que entre as 10 primeiras do ranking de 2008, 6 são norte-americanas, com destaque para a Universidade de Harvard, que repetidamente tem ocupado a primeira posição.
O Brasil aparece no ranking apenas com 1 instituição, a Universidade de São Paulo (USP), que ocupa a 196ª posição. Essa situação deixa a educação superior brasileira em uma posição inferior a dos seus pares “emergentes”, a exemplo da China (com 5 universidades, estando uma delas, a Universidade de Tsinghua, entre as 50 melhores) e a Índia (com apenas 2 universidades, mas ambas melhor classificadas que a brasileira USP, aparecendo a 154ª e 174ª posições).
Outras diferenças
Em 2005 99% dos homens e mulheres eram alfabetizados nos Estados Unidos. Destes, 85% tinham diploma de ensino médio e 27% de ensino superior. Em 2002 no Brasil 10,9% eram analfabetos.
Fonte: Fator Real