O PT preparou uma série de vídeos em que integrantes da comunidade evangélica relatam como o exercício de sua fé se relaciona com as bandeiras sociais e políticas do partido. A ideia é que o material sirva de apoio para as 32 mil candidaturas petistas que disputam as eleições municipais deste ano.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e o pastor Oliver Goiano, da Igreja Batista da Lagoa, estão entre os entrevistados.
Intitulado “Testemunhos de Fé e Luta”, o projeto é encabeçado pela Fundação Perseu Abramo, braço do PT que se dedica à pesquisa e à educação política do partido e que foi responsável pelo desenvolvimento da “Cartilha Evangélica – Diálogo nas Eleições”, antecipada pela coluna.
Uma leva de oito vídeos com cerca de cinco minutos de duração foi preparada para divulgação. Ao gravar seu depoimento, o ministro Jorge Messias, que frequenta a Igreja Batista Cristã e diz professar sua fé há 40 anos, dedicou parte de sua exposição a desmentir o boato de que Lula (PT) pretende fechar igrejas.
“Tentaram usar isso na campanha de 1989, tentaram usar isso na campanha de 2002, 2006 e por aí vai. Fizeram isso também contra a presidenta Dilma. E a verdade é que desde que o presidente Lula foi eleito, no primeiro mandato em 2002, nunca houve na história desse país um aumento tão significativo de igrejas como nós temos presenciado nos últimos 20 anos”, diz o chefe da AGU (Advocacia-Geral da União).
Messias ainda afirma que, graças à Lei de Liberdade Religiosa sancionada por Lula, igrejas protestantes criadas nos últimos anos tiveram mais facilidade para regularizar sua situação jurídica e financeira.
“Eu, como caminho com Deus há 40 anos, posso ver e pude testemunhar o avanço de novas denominações. Isso é resultado de uma lei aprovada pelo presidente Lula”, diz o ministro, que também atribui a governos petistas a expansão internacional de igrejas evangélicas brasileiras.
O chefe da AGU também compara a existência de fake news à passagem bíblica que versa sobre a presença da serpente no Jardim do Éden.
“Muitas mentiras são produzidas para serem penetradas nos meios evangélicos como o único propósito de causar temor e intranquilidade nos nossos irmãos. E isso tem, infelizmente, fins eleitorais”, diz.
A deputada Benedita da Silva, por sua vez, brinca que é chamada de “PTcostal”. Adepta da Igreja Presbiteriana Betânia de Niterói, a parlamentar diz não ser verdade a afirmação de que evangélicos não votam PT e compara pautas defendidas pelo partido a ensinamento cristãos.
“Meus irmãos e minhas irmãs, o PT cuida das pessoas, e elas podem estar em qualquer condição. Ela pode ser, no sentido bíblico, a prostituta que está conversando com Jesus, ela pode ser aquele que está na cadeia, ela pode ser aquele que está sem casa, no meio da rua. Podem ser aquelas criancinhas abandonadas, pode ser o trabalhador desemprego”, afirma Bené, como é conhecida.
“Nós [evangélicos] temos muito mais em comum com o PT do que nós possamos imaginar”, segue a deputada, que em determinado momento da gravação se dirige especificamente às mulheres evangélicas.
“Queria chamar a atenção dessas mulheres [para falar] que esse governo tem muito a ver com a nossa prática cotidiana. A gente que limpa igreja, a gente que faz quentinha para doar. O governo tem cozinha solidária”, afirma Benedita.
Também foram entrevistados para a série o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Alexandre Brasil, o sociólogo e ex-prefeito de Carapicuíba (SP) Sergio Ribeiro, a jornalista Nilza Valeria, a assessora parlamentar Bernadete Adriana Alves de Lima e o pastor batista Sergio Dusilek.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH