Dívida estável, só na próxima década

O comunicado divulgado, na semana passada, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, após a reunião que diminuiu o ritmo de redução da taxa básica de juros (Selic), traz a preocupação com a condução da política fiscal. O colegiado alerta para os impactos das decisões do Executivo no controle da dívida pública.

Em um dos trechos, o documento diz que “o comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária” e completa que “o comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente, impactando a política monetária”.

Em abril, o governo anunciou o afrouxamento da meta fiscal no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, substituindo a meta de um superavit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), para o deficit zero, colocada anteriormente como objetivo para 2024. O anúncio repercutiu negativamente no mercado financeiro.

Mercado apreensivo

Analistas ouvidos pelo Correio criticaram a medida. A apreensão dos analistas se ampliou, na semana que passou, por causa da divergência explícita na votação da nova Selic, com cinco votos pela redução em 0,25 ponto percentual e quatro diretores votando pela redução de meio ponto.

Para eles, o consenso que está se formando é que a estabilização da dívida pública bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), importante termômetro da capacidade de um país honrar seus compromissos, não ocorrerá no mandato atual e, provavelmente, ficará para a próxima década, na melhor das hipóteses.

“Voltamos ao erro da construção do arcabouço fiscal. Era esperado esse resultado. O melhor que o governo pode fazer agora é evitar gastos adicionais que venham do Congresso. De arrecadação, o grosso do esforço já foi feito. Não é uma situação dramática, mas vai exigir a criação de um novo regime fiscal em 2027. Perdemos tempo”, lamenta Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Pelas contas dele, a estabilização da dívida pública bruta só deverá ocorrer quando o governo conseguir entregar um superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de 2% do PIB. “E estamos muito longe disso”, frisa. “A estabilização da dívida pública vai depender do esforço fiscal em um próximo mandato. Não vai acontecer neste governo”, resume.

Ao apresentar as novas metas no PLDO de 2025, a equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostrou projeções muito otimistas para a trajetória da dívida pública, com parâmetros fora da realidade, de acordo com os analistas, como a previsão de uma Selic de 7% — atualmente de 10,25% ao ano —, na contramão das atuais previsões, que indicam aumento em vez de redução.

O economista e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria, por exemplo, não descarta uma Selic de 10% no fim deste ano e ele também é categórico ao destacar os desafios para a estabilização da dívida pública na atual conjuntura. “Será preciso um superavit primário de, pelo menos, 1,5% do PIB. E, no acumulado dos quatro anos do governo Lula, vamos ver um deficit primário acumulado de 6% do PIB. Logo, a dívida pública vai continuar crescendo e a relação dela em relação ao PIB vai subir”, alerta.

Tragédia no Sul

Nóbrega acrescenta que existem dois fatores recentes que ajudaram a piorar as estimativas para a taxa de juros e para a inflação, que contribuem para encarecer o custo da dívida pública. “Primeiro, a percepção do mercado de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) pode até não começar a baixar a taxa básica neste ano, o que significaria terminarmos o ano com o dólar mais valorizado, acima dos R$ 4,90 das previsões do mercado. Isso significa mais pressão inflacionária e essa tragédia do Rio Grande do Sul também vai bater na inflação”, alerta. Pelos cálculos de Nóbrega, a crise do estado sulista ainda pode provocar um impacto de até 0,40 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, elevando as atuais projeções do mercado no boletim Focus, do BC, de 3,72%, para pouco mais de 4%. “O Copom elevou de 3,5% para 3,8% a previsão da inflação deste ano e a tragédia no Sul pode fazer a inflação voltar para mais de 4%”, aponta.

“Como se sabe, é preciso, realmente, ajudar o Rio Grande do Sul na reconstrução da economia, da infraestrutura e amparar os agricultores. Isso ninguém pode ter dúvida. Isso é necessário. Mas isso vai significar um gasto adicional não previsto. Então, vai ficar mais difícil ainda cumprir as metas do arcabouço fiscal e, portanto, haverá uma deterioração, por menor que seja, da situação fiscal do país”, afirma o ex-ministro, em referência ao pacote de R$ 51 bilhões de ajuda anunciado pelo presidente Lula.

“A maior parte desse montante é crédito, mas ainda é cedo para dizer o real impacto nas contas públicas, porque ninguém ainda sabe quanto tempo vai demorar para a volta à normalidade no estado”, ressalta.

Não à toa, a mediana das apostas do mercado para a taxa básica de juros (Selic), de 10,75% ao ano, para o fim do ano passaram de 9%, há quatro semanas, para 9,63%, no último boletim Focus, publicado na segunda-feira (6), pelo Banco Central. De acordo com os especialistas, a mudança da meta fiscal, adiando para 2026 a previsão de deficit primário zero nas contas do governo federal, só ajuda a piorar as projeções para o equilíbrio fiscal, apesar de técnicos da equipe econômica, como o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, insistirem em afirmar que a dívida pública vai se estabilizar em 2027.

O economista Alexandre Andrade, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), ressalta que a estabilização da dívida pública vai depender das premissas e do cenário considerado nas estimativas e, no caso do PLDO, “os parâmetros estão bastante otimistas”. “No cenário da IFI, a estabilização da dívida só ocorreria no começo da próxima década”, afirma.

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Inflação acelera em abril e atinge 3,69% em doze meses, segundo o IBGE

Puxado por medicamentos e alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, apresentou alta de 0,38% em abril. Segundo os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma aceleração em comparação a março, quando os preços subiram 0,16%.

O resultado veio acima do esperado por analistas, mas ainda é menor do que a inflação registrada em abril de 2023, quando a variação foi de 0,61%. No ano, a inflação acumula alta de 1,80% e nos últimos 12 meses, de 3,69%, abaixo dos 3,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

A alta foi disseminada, atingindo sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados. Os vilões da inflação no mês passado foram os grupos de saúde e cuidados pessoais, com alta de 1,16%, e de alimentação e bebidas, cujos preços subiram 0,70%. Houve um grande impacto dos produtos farmacêuticos, em decorrência do reajuste de até 4,5% autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a partir de 31 de março.

A alimentação no domicílio, por sua vez, acelerou 0,81% em abril, ante 0,59% no mês anterior. Mamão, cebola, tomate e café moído apresentaram as altas mais expressivas, provocadas pela menor oferta desses produtos em abril. “Fenômenos climáticos ocorridos no fim de 2023 e no começo de 2024 afetaram a produção”, observa o gerente da pesquisa, André Almeida.

Usado para a correção do salário mínimo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou alta de 0,37% em abril, acima do resultado observado em março, de 0,19%. O indicador mede o poder de compra das famílias de baixa renda do país, a partir da variação de preço de determinados produtos e serviços consumidos por aqueles que têm rendimento de um a cinco salários mínimos.

Os preços dos produtos alimentícios passaram de 0,50% de variação em março para 0,57%, em abril. A variação dos não alimentícios também foi maior. Enquanto em março a alta havia sido de 0,09%, em abril foi de 0,31%.

Após variação negativa no mês passado, o grupo de transportes teve alta de 0,14%, com os subitens de maior impacto positivo e maior impacto negativo no índice de abril, de modo que eles acabaram se anulando. “Mais uma vez, o item de maior impacto negativo foram as passagens aéreas, que recuaram 12,09%. Esses últimos resultados ressaltam um certo protagonismo das variações nos preços das passagens aéreas recentemente, que têm impactado consideravelmente a dinâmica inflacionária geral”, destacou Igor Cadilhac, economista do PicPay.

Rio Grande do Sul

As enchentes provocadas pelos temporais no Rio Grande do Sul devem afetar principalmente os preços do arroz, visto que o estado é o principal produtor do grão no país. Analistas esperam uma elevação de pelo menos 0,1 ponto percentual na inflação devido aos desastres, com uma disparada dos preços do arroz em cerca de 20%.

A inflação oficial do país é decorrente da apuração de preços em 16 municípios ou regiões metropolitanas. A região metropolitana de Porto Alegre responde por um peso de 8,61% na formação da taxa do IPCA.

Segundo o economista da Crowe Macro Ricardo Julio Rodil, as colheitas perdidas afetarão tanto o mercado doméstico quanto o externo, pois ao diminuir a oferta, a consequência imediata é o aumento do seu preço, mesmo que as outras variáveis continuem nos mesmos níveis anteriores. De acordo com ele, “todos os caminhos levam à inflação”.

“Se a exportação continuar no ritmo pré-enchentes, a oferta doméstica diminuirá sensivelmente, o que causará aumento do nível de preços internos, com o aumento da inflação. Se a exportação for prejudicada e a oferta for endereçada substancialmente ao mercado doméstico, a exportação diminuirá. Daí decorrerá menor entrada de divisas, o que deve pressionar a cotação do dólar, o que encarecerá os produtos importados”, avaliou.

Para o doutor em Economia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Benito Salomão, os efeitos das enchentes no extremo sul do país caracterizam um “choque de oferta clássico”. “É uma quebra abrupta na produção de um determinado item — normalmente, uma commodity. No caso do Rio Grande do Sul, o efeito disso é sobre preço de alimentos, então essa queda de produção vem sucedida de uma alta abrupta dos preços. Aí, a dúvida que paira é qual será a propagação disso nos preços”, destaca.

Na UFU, Salomão coordena, junto com outros professores, um grupo formado por acadêmicos da Faculdade de Economia, que estuda a influência das mudanças climáticas na inflação. Ainda em fase de pesquisa, os resultados preliminares do estudo já revelam que os choques climáticos exercem efeitos diretos e prejudiciais sobre a inflação e a atividade econômica.

Na análise do especialista, itens como feijão, arroz e, provavelmente, carne bovina, devem apresentar uma inflação acima do normal nos próximos meses, por conta do fato de o Rio Grande do Sul ser um grande produtor, principalmente de arroz, no qual é considerado o maior do país. “Se esses efeitos vão perdurar mais ou menos, isso vai depender muito das ações que o governo vai tomar”, destacou Salomão.

Soja

O Rio Grande do Sul também possui a segunda maior produção de soja do país, atrás apenas do Mato Grosso do Sul. Na visão do pós-graduado em Agronegócios pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e consultor do tema há mais de 30 anos Carlos Cogo, os maiores impactos entre os alimentos devem ser sentidos por essas duas culturas.

De acordo com dados levantados pela Cogo Consultoria, as chuvas no estado podem causar uma perda de 6,5 milhões de toneladas de soja e 1,6 milhão de toneladas de arroz. As estimativas levam em consideração o estágio atual da colheita do grão e do cereal que atingiram 70% e 78%, respectivamente. Apesar disso, o especialista ressalta que só podem ser feitas estimativas mais aprofundadas após o nível da água que inunda diversos municípios do estado regredir.

“O que ainda não dá para se fazer, só dá para fazer mais adiante, é saber o que foi perdido que estava, por exemplo, em silos, ou em armazéns convencionais. Isso, em termos de grãos, que haviam sido colhidos e estavam em armazéns”, explicou Cogo.

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Vendas de imóveis em SP tem melhor trimestre desde 2014 com queda nos juros

As vendas e lançamentos de imóveis na cidade de São Paulo dispararam no primeiro trimestre deste ano, registrando melhor resultado para o período desde 2014, quando começou a ser calculada a pesquisa Secovi-SP do Mercado Imobiliário.

Foram vendidas 22.686 no acumulado dos primeiros três meses deste ano, uma alta de 40% na comparação com mesmo período de 2023. Os lançamentos tiveram aumento ainda mais significativo, de 49%, com 15.636 novas unidades na capital paulista.

Somente em março, as vendas cresceram 47,2%, na comparação com o mesmo mês de 2023, com total de 10.482 unidades vendidas. Já no acumulado dos últimos 12 meses a alta foi de 16%.

Os negócios gerados pelo programa MCMV (Minha Casa Minha Vida) representaram 53% das vendas realizadas no período e 59% de todos os lançamentos, no primeiro trimestre.

Ely Wertheim, presidente-executivo do Secovi-SP (Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de São Paulo), diz que o fator que mais influenciou as vendas e lançamentos do setor foi a reformulação do programa MCMV. Porém, ele diz que o bom desempenho também está atrelado ao ambiente econômico mais propício, com redução da Selic e queda no desemprego.

“O primeiro trimestre de 2023 e 2024 representam momentos econômicos bastante diferentes. Em março do ano passado nós tínhamos uma taxa de juros bem mais alta, de 13,75% ao ano, e um novo governo ainda começando. Em 2024, temos cenário de taxa de juros em queda, um governo federal já estabelecido e o novo Minha Casa, Minha Vida já remodelado”, diz Wertheim.

Os aportes para o programa somaram R$ 117 bilhões, retomando níveis de 2019, antes da pandemia de Covid-19. Somado a isso, em março deste ano a Selic estava em 10,75%. Na última quarta-feira (8), o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou novo corte e atualmente a taxa é de 10,25% ao ano.

Em junho de 2023, o novo MCMV destinou mais recursos do Orçamento Geral da União para novos contratos da Faixa 1, direcionada para famílias com renda bruta até R$ 2.640. A alteração que mais mexeu com o mercado imobiliário foi a elevação do valor máximo do imóvel da Faixa 3, de R$ 264 mil para R$ 350 mil.

Folha Mercado

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Os imóveis mais vendidos no primeiro trimestre são os apartamentos um e dois dormitórios em todas as faixas, e também para aqueles que custam de R$ 700 mil até R$ 800 mil.

Metade dos lançamentos da Incorporadora e construtora Mbgucci, que atua na Região Metropolitana de São Paulo, entre janeiro e março foram de imóveis da classe econômica, com valor de até R$ 350 mil. Eles representaram 50% das vendas da empresa em março deste ano, enquanto, no mesmo mês do ano passado, somaram 36,7%.

Para a incorporadora, o aumento no limite dos imóveis ampliou o leque de oferta das incorporadoras. Com o novo valor, agora é possível, por exemplo, vender imóveis pequenos em áreas mais centralizadas da cidade de SP. Mais pessoas estão conseguindo acessar o programa e isso diversifica o público.

Ana Maria Castelo, coordenadora dos projetos da Construção da FGV (Fundação Getúlio Vargas) afirma que desde o final do ano passado a reformulação do Minha Casa, Minha Vida está influenciando as vendas e lançamentos do setor imobiliário. Segundo ela, com as mudanças mais pessoas da classe média estão acessando o programa.

O diretor técnico da construtora, Milton Bigucci Junior, diz que a taxa do financiamento bancário ainda não acompanhou o ritmo de redução da Selic, apesar do bom momento. Para ele, as taxas continuam elevadas e as restrições para concessão de crédito ainda são muitas.

“Se o nível de redução de juros fosse o mesmo da Selic e houvesse menos restrições ao crédito, as vendas seriam maiores”, diz o diretor.

A expectativa é que o mercado siga aquecido em 2024, mas com ritmo mais lento nos próximos meses. O ano deve fechar com alta entre 5% e 10%, segundo o Secovi-SP. Apesar da perspectiva positiva, a entidade afirma que é preciso considerar imprevistos e alguns já estão em curso, como as enchentes no Rio Grande de Sul, que podem pressionar a inflação e mudar o cenário.

“A situação no sul é muito preocupante e é uma notícia muito ruim para a economia brasileira neste momento”, diz o presidente da instituição.

Wertheim também aponta que as vendas estão melhores, mas o setor não está conseguindo fazer lançamentos na mesma velocidade das vendas, provocando uma queda nos estoques. O ideal para Secovi-SP é que haja um equilíbrio entre vendas e lançamentos. Há dificuldade de licenciamentos, compra de terrenos e aprovação de projetos pelos órgãos públicos, além da baixa oferta de mão de obra.

Para professora da FGV, Ana Maria Castelo, a percepção é que há mais empresas interessadas em trabalhar com o MCMV desde a reformulação. Segundo ela, a tendência é que principalmente o programa continue influenciando o mercado ao longo do ano.

“A queda nos juros deve influenciar mais quando realmente atingir o crédito do mercado. Com isso, as vendas para média e alta renda podem subir ainda mais”, diz a professora.

Trump prometeu a petroleiras revogar políticas ambientais de Biden

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano Donald Trump pediu a executivos da indústria do petróleo que arrecadassem 1 bilhão de dólares para a sua campanha, com a promessa de revogar as regulamentações ambientais impostas pelo governo de Joe Biden se for reeleito, informou nesta quinta-feira (09) o jornal “The Washington Post”.

O jornal citou fontes segundo as quais a reunião teria acontecido no mês passado, no clube Mar-a-Lago de Trump, na Flórida. A campanha não confirmou nem negou à AFP o conteúdo do artigo.

“Joe Biden é controlado por extremistas ambientais que tentam implementar a agenda energética mais radical da História e obrigam os americanos a comprar veículos elétricos que não podem pagar”, disse Karoline Leavitt, porta-voz da campanha. Já a campanha de Biden acusou Trump de “vender famílias trabalhadoras para as grandes petroleiras em troca de cheques para a sua campanha”.

Segundo o Washington Post, Trump prometeu acabar imediatamente com o congelamento de licenças para novas exportações de gás natural liquefeito (GNL) imposto pelo governo Biden. Também antecipou a executivos de cerca de duas dezenas de empresas, entre elas Venture Global, Cheniere Energy, Chevron e Exxon, que leiloaria mais concessões de petróleo no Golfo do México e revogaria as restrições de perfuração no Ártico do Alasca.

A Lei de Redução da Inflação de 2022, que foi o plano de ação climática de Biden, canaliza cerca de 370 bilhões de dólares em subsídios para a transição energética dos Estados Unidos. Já Trump colocou em dúvida a ciência por trás das mudanças climáticas e retirou os Estados Unidos do acordo de Paris para limitar o aquecimento global.

“Ele age como um vilão das histórias em quadrinhos, oferecendo-se para vender o destino do planeta por um cheque de US$ 1 bilhão”, criticou o grupo climático Evergreen Action. “Está pronto para entregar uma caneta à Exxon e Chevron para redigirem as políticas que vão atrasar o progresso climático dos Estados Unidos e envenenar nossas comunidades.”

A campanha de Biden chamou Trump de “fantoche de seus maiores doadores”. “Ele não luta pelo que é melhor para as famílias americanas, pela energia mais barata ou pelo nosso clima, importa-se apenas com uma vitória nestas eleições.”

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CNI avalia que corte nos juros ficou aquém e critica o Copom

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou uma nota na noite desta quarta-feira (8/5), logo após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter decidido reduzir a Taxa Básica de Juros em 0,25 pontos percentuais (p.p.), e não em 0,50 p.p., como estava sendo feito em todas as outras reuniões desde agosto do ano passado.

Na avaliação da entidade, a mudança de ritmo no corte de juros é vista como “inadequada”. “Essa decisão é incompatível com o atual cenário de inflação controlado e torna impraticável continuar o projeto de neoindustrialização do país com altos níveis de taxa de juros”, destacou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Segundo a confederação, com a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) abaixo do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — que é de 4,75% —, ainda há margem para cortes maiores na taxa atual. Nos últimos 12 meses, até março deste ano, o IPCA registrou acúmulo de 3,93%.

Na visão da entidade, a queda nas concessões de empréstimos evidencia as sérias dificuldades em tomar crédito, devido ao custo elevado, e prejudica os investimentos, a produtividade e a competitividade. “Reduzir o ritmo de corte da taxa básica tira a oportunidade de o Brasil alcançar mais prosperidade econômica, aumento de emprego e de renda”, completa o presidente da CNI.

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Artigo: 30 anos em favor da saúde e da criação de empregos

Por Breno Monteiro, presidente do Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde)

No mês em que o setor privado de assistência à saúde alcançou a marca de 3 milhões de empregos com carteira assinada, a Confederação Nacional da Saúde (CNSaúde), que representa milhares de estabelecimentos de saúde em todo o país, completa agora 30 anos de existência.

Desde a sua fundação, a CNSaúde sempre buscou se colocar como interlocutora e permanente colaboradora na busca de soluções aos desafios colocados para o setor. Reforma tributária, questões trabalhistas, como o piso nacional da enfermagem, crise sanitária na pandemia da covid-19, aperfeiçoamento da legislação e das normas na saúde suplementar e relacionamento com o SUS, são alguns dos grandes temas em que a voz da entidade se fez presente. Atuando em defesa da qualidade assistencial e da sustentabilidade da saúde suplementar, a entidade representa oito Federações, 90 sindicatos patronais e os mais de 6 mil hospitais, laboratórios e clínicas privados, lucrativos ou beneficentes, que constituem, ao lado do SUS, um dos pilares do sistema nacional de assistência.

No recente processo de discussão da reforma tributária, ainda em andamento, a CNSaúde, em aliança com outras entidades da saúde, contribuiu para que os legisladores estabelecessem um critério de neutralidade na tributação do setor, fixado em 40% da alíquota padrão dos novos impostos sobre o consumo. Graças a isso, no processo de transição para o novo sistema, os serviços de saúde não sofrerão aumento na carga tributária, o que inevitavelmente acabaria por onerar os consumidores, aumentar a inflação da saúde e por dificultar o acesso da população à assistência médico-hospitalar privada.

A CNSaúde foi responsável também pela interlocução com o Congresso Nacional e com o Supremo Tribunal Federal no debate sobre a aplicação da Lei nº 14.434, que instituiu o piso nacional da enfermagem. Sem jamais desmerecer a importância do trabalho dos enfermeiros, técnicos, auxiliares e parteiras, a entidade alertou para a dificuldade de implantação do piso nacional único, em especial para as entidades beneficentes, para os pequenos e médios estabelecimentos e nas regiões economicamente mais frágeis. O impacto financeiro do piso trazia o risco de fechamento de hospitais e leitos e de demissões em massa. Após um longo processo de discussão, prevaleceu a ideia de que a adoção do piso ficaria submetida às negociações regionais, o que contribuiu para preservar os empregos na saúde e evitou que o setor afundasse em uma crise financeira. O acerto dessa mudança pode ser avaliado agora pelo crescimento do número de empregos no setor. Nos últimos 12 meses, o número de trabalhadores da saúde com carteira assinada cresceu 4,52% e chegou a 3.014.916, de acordo com dados do Caged.

Durante a pandemia da covid-19, a CNSaúde atuou como um facilitador das relações entre os prestadores privados de serviços de saúde e as autoridades para ampliar a oferta de leitos de internação e alertar para a falta de materiais e equipamentos. Frutos dessa parceria foram os hospitais de campanha inteira ou parcialmente financiados, construídos, equipados e operados pelas empresas da saúde privada. Somados esses investimentos às doações de equipamentos e insumos, o setor privado contribuiu com cerca de R$ 1 bilhão para o combate à covid-19.

O relevo cada vez maior do papel desempenhado pela CNSaúde, desde sua constituição em 1994, expressa a crescente importância do setor de saúde privada. Ao longo dos 30 anos de existência da Confederação, a participação da saúde na economia nacional dobrou, passando a representar cerca de 10% do PIB. As atividades relacionadas à saúde, por sua vez, hoje, representam cerca de 8% do total de ocupações no país.

Esse crescimento vertiginoso teve enorme impulso do setor privado, que, à força de muito investimento e trabalho, tem se mobilizado para atender a essa demanda da população por padrões cada vez melhores de assistência. Os desafios, entretanto, são igualmente grandes. É preciso assegurar à iniciativa privada ambiente atrativo para os investimentos; é preciso aperfeiçoar leis e regulações em favor da segurança jurídica dos contratos; é preciso evoluir nos modelos de assistência, de forma a oferecer melhor qualidade e maior acesso da população aos serviços. Contribuir para esse desenvolvimento, como porta-voz desses anseios do setor privado da saúde, é a missão que a CNSaúde seguirá desempenhando com orgulho e determinação.

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Show de Madonna movimentou R$ 300 milhões e recuperou reputação do Rio, diz Governo do Estado

O encerramento da turnê de 40 anos de carreira de Madonna na Praia de Copacabana, no último sábado, foi um “sucesso” para o estado. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, a Secretaria estadual de Turismo, a partir do subsecretário Luiz Felipe Pinho, comemorou os números — de 1,6 milhão de pessoas, das quais 150 mil eram turistas — em plena baixa temporada: a rede hoteleira registrou 96% de ocupação. A estimativa é que o retorno para a economia tenha sido de R$ 300 milhões com gastos do público, a partir de estudo prévio divulgado pela prefeitura. O secretário de Segurança Pública pontua que o maior ganho do evento foi, sobretudo, à recuperação da reputação do Rio.

— A gente fala do retorno financeiro, de R$ 300 milhões, mas a gente tem outro retorno, que é muito maior, que é a imagem do Rio de Janeiro perante o Brasil e o mundo. Isso é muito mais importante, essa proteção reputacional do estado, mostrando que ele é capaz de dar segurança pública — salientou Victor César dos Santos, sobre a segurança favorecer o turismo e o ambiente de negócios.

O mergulho dos frequentadores da praia de Copacabana era uma preocupação dos bombeiros antes do show, por conta da previsão de mar agitado. O secretário de Defesa Civil, Leandro Monteiro, destacou que foram feitos patrulhamentos, inclusive noturnos, no mar de Copacabana, com um total de 45 salvamentos realizados no local.

Durante o show, foi montado um hospital de campanha e um heliponto no grupamento do Corpo de Bombeiros no Posto 6, para auxiliar o público. Por conta do forte calor durante o dia, caminhões dos bombeiros também foram usados para disparar jatos de água e refrescar quem esperava pelo show debaixo de sol escaldante.

De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, o Samu recebeu 1.800 ligações referentes a ingestão de álcool e queda. As equipes das Upas de Copacabana e Botafogo foram reforçadas — onde foram realizados 600 atendimentos, ao todo, como detalhou a titular da pasta, Claudia Mello.

Estratégia do carnaval da Bahia

Para o secretário de Segurança Pública, Victor César dos Santos, a inovação para esse evento foi o emprego de grupos de policiais trafegando em meio à multidão, como acontece no carnaval de Salvador. Victor César comemorou “com grande satisfação” o desempenho da segurança pública no show da Madonna. Segundo ele, o grande desafio deste evento em relação ao réveillon, por exemplo, foi a concentração no espaço: enquanto a virada do ano se estende por toda a orla, o público de Madonna ficou entre a Rua Paula Freitas e a Avenida Princesa Isabel.

O trabalho de inteligência da Polícia Civil foi apontado ainda como outro fator de sucesso, que permitiu “verificar a ocorrência de crimes antes deles acontecerem”, conforme dito pela delegada Raissa Celles, diretora do Departamento Geral de Polícia da capital.

Números de segurança no show de Madonna:

Despedida

Madonna se despediu do Rio na noite deste domingo. Ela deixou o Copacabana Palace, onde estava hospedada havia uma semana lançando beijos para os fãs que se concentravam em frente ao hotel.

A diva do pop seguiu num carro escoltado por outros automóveis. Ela foi acompanhada por um comboio até o aeroporto.

O show da Madonna, ocorrido na noite de sábado, fechou a Celebration Tour, que comemorou os 40 anos de carreira da cantora. Foi quarta apresentação da rainha do pop no Brasil, após 12 anos, e o maior da carreira dela.

Por causa do show, a semana passada no Rio teve uma atmosfera de carnaval ou réveillon fora de época. Sob a vibração dos preparativos para o megashow histórico, o começo de maio nem de longe lembrou um período de baixa temporada turística: teve inflação nos valores de hospedagem e filas em lojas da Saara para comprar camisas e adereços da diva.

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Resistentes a modismos: restaurantes fazem história com comida boa e clientela cativa

Resistentes a modismos: restaurantes fazem história com comida boa e clientela cativa (Um novo modelo de crítica gastronômica, em Piola Curitiba (Foto: Thiago Paes) @paespelomundo )

Diante de tantas novidades gastronômicas, entre uma infinidade de prêmios, modismos e muito “hype” – as vezes sem motivo, restaurantes antes pioneiros em muitos aspectos, hoje resistem às novidades e mantém padrões num mercado cada vez mais sujeito a exigências inovadoras. Chefs famosos, redes sociais engajadas, ativa participação em listas premiadas, programas de TV se tornaram demandas para empreendedores-cozinheiros. Mas, quem vem fazendo história na gastronomia da sua cidade?

Antes do advento dos perfis-cozinhas com anônimos produzindo receitas apetitosas, fáceis de replicar em casa, ou ainda a curadoria de foodies (profissionais ou não) fazendo críticas a restaurantes e seus menus (como muitas vezes fazemos aqui), as receitas eram guardadas como segredo do negócio e as críticas vinham de alguns poucos experts, que conheciam detalhadamente as nuances de um bom prato e o que o reveste. Pois bem, esse cenário mudou. Hoje, cozinheiros revelam suas receitas na internet. Influenciadores e críticos anônimos fazem análise de pratos e menus de acordo com sua experiência, ou com o que favorece a algoritmos, ou seja, o que o cliente quer ver.

Vagem com camarões no “Grand Chaopraya” em Ayutthaya próximo a Bangkok, Tailândia. Culinária que inspira restaurantes pelo Brasil (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Novos Tradicionais

Pouco influenciado por esses aspectos, restaurantes, bares, botecos, pizzarias, e uma infinidade de locais bons de prato e com clientela cativa mantêm padrões, receitas, salão cheio e fazem história como os novos tradicionais. Mas e como inovar de novo? Como recontar suas próprias histórias?

O papel da assessoria de imprensa especializada em gastronomia neste momento é fundamental para que histórias desses bons lugares para se conhecer, reviver, experimentar, sejam recontadas, ainda que a casa esteja cheia. Antes, além da comida boa, bastava um visual novo, uma iluminação diferente, um local estratégico, e logo um restaurante se tornaria badalado. Hoje é preciso envolver diversos atores, acompanhar a “trend” do mercado, “se fazer presente nas redes” e falar com o seu próprio público, encontrar a melhor linguagem para ter a presença digital que lhe cabe.

Entrada tailandesa no restaurante The House by Ginger na cidade de Chiang Mai, Tailândia, inspiração para o menu de restaurantes como o Mestiço em São Paulo (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Italiano, Francês, Tailandês

Em Curitiba, o restaurante Piola há 23 anos vem fazendo história na cidade com sua impecável pizza – para quem gosta de massa fininha, queijos curados (como o de cabra) e acompanhamentos delicados como abobrinha, berinjela, presunto de Parma. Italianíssimo também em seu jeito descolado de ser, mantém o amplo salão com luminárias coloridas e janelões de frente para a Alameda Dom Pedro, uma das regiões mais nobres da capital.

Entre burratas e receitas tradicionais como o incrível e leve tiramissu, o Piola apresenta também um cardápio de pratos com risotos e massas acompanhados de molhos típicos italianos como o “ragu” e o “al pesto”.

Tiramissu do Piola Curitiba: leve e sofisticado (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

A primeira vez que estive em uma unidade do Piola foi em Buenos Aires. Com um DJ no meio do salão, público alternativo, drinks e pratos italianos disputando espaço com a tradicional carne argentina. Badalação que o Piola Curitiba tradicionalizou com salão calmo e cheio, iluminação intimista, clientes satisfeitos e cativos. Outros Piolas no mundo estão na Turquia, Estados Unidos, México, Panamá, Chile além de Argentina e, claro, na Itália.

Durante os anos 50 o Brasil experimentava um crescimento econômico e uma urbanização acelerada e houve um aumento significativo da influência internacional na cultura brasileira. Restaurantes estrangeiros não apenas ofereciam uma experiência gastronômica diferenciada, mas também se tornaram pontos de encontro para a elite e para intelectuais que desejavam se conectar com tendências culturais globais.

Sorbet de limão servido entre pratos como amuse bouche em taça de prata, relíquia dos anos 40, mantida há gerações, fazem parte do bem servir do Île de France em Curitiba (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Fundado em 1948

Um novo menu de outono foi apresentado pelo tradicionalíssimo Île de France, também em Curitiba. Uma novidade para um restaurante que há 70 anos faz história na gastronomia curitibana com receitas clássicas da culinária francesa. Em novo endereço, agora na Avenida Batel, o “Île” – para os íntimos, é um daqueles lugares que modismos e badalação não fazem parte do menu. A história de um dos restaurantes mais tradicionais da cidade é contada pela própria história.

No menu de outono apresentado a jornalistas e experts em gastronomia, um encontro emocionante com a própria história do Île de France. Da receita simples e sofisticada do “ouef mayonnaise” (ovo maionese) à sequência com bisque de lagosta (sopa de sabor suave), a própria lagosta servida sob duas receitas, e um destaque especial: o “poulet sauce Normande”, ou , “Frango à Normandia” em referência a região francesa que no outono se reveste de maçãs e onde podemos conhecer a “Rota da Sidra”, tudo profundamente enraizado na tradição gastronômica da França, e sua habilidade de transformar ingredientes simples em algo elegante e saboroso.

Bisque de lagosta, das tradições da culinária francesa para o Île de France Curitiba (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Pela Bahia do Mundo

Em São Paulo, restaurantes como o Mestiço fazem da tradição sua novidade. Há 27 anos, as receitas que envolvem sabores que vão da Bahia a Tailândia são parte da ininterrupta badalação gastronômica da cidade. No menu, de acarajé a camarões ao curry e leite de coco, vagens, tudo em perfeita sintonia com o sincretismo cultural, que já foi um marco gastronômico do lugar e hoje é uma das maiores riquezas de sua trajetória.

Quem vai à Tailândia, ou à Bahia, pode sentir o cheirinho de comida boa nas ruas. Não fosse a nossa obsessão pelo imediatismo das redes, a gastronomia local nem precisaria de nós influenciadores para mostrar aquela esquina cheia de sabores. Tailandês, assim como o baiano e o mineiro gostam de sair para comer comida tailandesa, baiana, mineira respectivamente. E nem é uma questão de bairrismo, é que tem comida que mexe com a gente, que faz a gente viajar por memórias.

Curry indiano de namorado com ervilhas e shimeji no Mestiço São Paulo (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Desde 1981

Ainda em São Paulo, restaurantes como o Ritz e seu famoso bolinho de arroz, resistem a qualquer modismo. Inaugurado em 1981, na Alameda Franca, define-se como “descontraído e retrô”. Mesmo na sua unidade no pátio do shopping Iguatemi, o “savoir a faire” de quem sabe o que quer servir e de quem sabe o que o cliente deseja vão de encontro às “badaladas novidades”.

Sempre democrático e aberto a todos os públicos, o Ritz foi pioneiro em diversos aspectos na cidade, inclusive para a comunidade LGBT. Foi um dos primeiros restaurantes a servir vinho em taça e a apostar em jovens e universitários para seu staff.

Saber fazer

Neste mês, por coincidência, pude voltar a todos esses restaurantes que me trazem memórias de encontros muito afetivos. Um jantar com um amigo no Mestiço, um happy hour com uma amiga no Ritz Iguatemi, um encontro descontraído no Piola e uma noite cheia de sabores no Île de France. Lugares tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos no jeito convicto de ser. Um saber-fazer que muitas vezes não vira o hype do momento, nem tem discursos virais exigidos pelos algoritmos, mas que de fato contam histórias inesquecíveis.

Tradição não se conquista só com o tempo. Nem só com prêmios. Mas, com certeza, com comida boa, gente fina na cozinha, aquele atendimento, salão cheio e muitas formas de contar a própria história. Esse é o grande encontro da tradicional gastronomia brasileira. Bravo!

Thiago Paes é colunista de Turismo e Gastronomia. Apresentador no canal Travel Box Brasil e está nas redes sociais como @paespelomundo

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Turbulências

Os mercados entraram numa espiral de aversão ao risco nas últimas três semanas. Fatores externos predominaram, mas contribuíram para realçar questões domésticas recorrentes.

Depois dos ajustes mais acentuados a curto prazo, os agentes econômicos tendem a se acomodar à ideia de juros mais altos por mais tempo.

O acionador desse processo foi a divulgação dos dados de inflação ao consumidor nos EUA, os quais, no primeiro trimestre deste ano, e após um processo de desinflação acelerado no segundo semestre de 2023, vieram acima das expectativas e com composição pior.

A variação anual ficou estagnada em 3,8%, ainda muito distante da meta de inflação de 2%. A inflação de serviços voltou a acelerar, e o índice “cheio” só não foi mais alto por causa da contribuição vinda da parte dos bens, que segue contida.

Também fez preço o dado mais fraco de crescimento no primeiro trimestre, mostrando a economia americana ainda impulsionada por gastos públicos.

A participação dos gastos do governo no PIB, que costumava ser inferior a 20%, respondeu por 30% do crescimento de 2,5% em 2023. Isso amplia incertezas sobre como reagirá a economia após um período prolongado de juros reais elevados e mediante a moderação de impulsos fiscais.

Com isso, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano), na sua reunião mais recente, continuou sinalizando que deverá cortar juros ainda neste ano e afastou discussões sobre possíveis altas, trazendo uma comunicação vista como mais suave.

Contudo, diante das surpresas inflacionárias, as expectativas de redução dos juros nos EUA recuaram, e os mercados esperam agora de um a dois cortes até o fim do ano.

O deslocamento para cima da curva de juros norte-americana (cerca de 0,2 ponto percentual) impactou o dólar, que voltou a se fortalecer globalmente. As Bolsas foram menos impactadas, com o índice do S&P situando-se pouco abaixo das máximas históricas.

Quase simultaneamente, ocorreu a escalada do conflito no Oriente Médio. O mercado segue monitorando riscos para o preço do petróleo e para a cadeia de suprimentos global. No caso do petróleo, o impacto do conflito poderia vir da redução das exportações do Irã, ou da redução do fluxo de óleo da região.

Por ora, a oferta permanece sem maiores contratempos, e os preços ainda sobem 10% no ano, perfazendo média de US$ 84/barril. Os preços tendem a subir na segunda metade do ano em razão da demanda sazonalmente mais forte no hemisfério Norte.

Quanto à cadeia de suprimentos, os ataques no mar Vermelho seguem impactando os fretes e os seguros, o que afeta indiretamente os custos globais da energia. Continuam, assim, as incertezas sobre o cenário geopolítico, com preocupações que gravitam sobre possíveis consequências das eleições nos Estados Unidos.

No Brasil, o que sensibilizou os agentes foi a mudança da meta de resultado primário para 0% do PIB, em vez de 0,5% de superávit.

A coincidência com o período desfavorável para os mercados se deve ao calendário, fixado em lei, com prazo máximo em 15 de abril para envio do PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias), o que não deixava escolhas sobre o momento mais apropriado para o anúncio.

Longe de ser surpresa para os analistas, que projetavam déficit de 0,6% do PIB para 2025, segundo a mediana do boletim Focus, veio a interpretação de que o governo teria cedido cedo demais na revisão da meta.

Contudo, logo após o estresse com eventos já esperados no campo da política fiscal, veio a mudança de perspectiva da nota de risco do Brasil pela agência Moody’s, de estável para positiva, o que sinaliza possibilidade de elevação alguns meses à frente.

A revisão tem uma visão retroativa e não deveria mudar expectativas. Há muito são conhecidos os imensos desafios de sustentação do novo marco fiscal, que possui a contradição intrínseca de ficar tão mais ameaçado quanto maiores forem as receitas, pois torna inviável o limite de despesas estabelecido.

Dada a fragilidade fiscal, os impactos dos eventos externos foram maiores nos mercados de juros domésticos.

Ademais, o Banco Central do Brasil —que já havia endurecido a comunicação no Copom de março— voltou a endurecer ainda mais o tom em discursos públicos, sugerindo que o corte de 0,5 ponto percentual da taxa Selic em maio, previamente sinalizado, poderia não ocorrer. Não obstante, os dados de inflação corrente e subjacentes seguem melhorando.

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As razões para o discurso mais austero seriam a persistência de juros mais altos nos EUA, a resiliência do mercado de trabalho, que traz riscos de repasses para salários e de aumento da inércia por meio da inflação de serviços, e a frágil condição fiscal brasileira.

O mercado doméstico reagiu internalizando mais volatilidade, com alta de cerca de 0,5 ponto percentual da parte curta da curva de juros e queda de 2% da Bolsa. A boa notícia foi a menor depreciação do real relativamente às moedas dos pares na América Latina.

Porém, os eventos mencionados —pressões inflacionárias, juros neutros mais altos advindos de fortes impulsos fiscais e riscos geopolíticos— vêm sendo há algum tempo considerados no balanço de riscos e nos horizontes mais longos dos inúmeros agentes que ajudam a formar expectativas no mercado.

Apesar das turbulências mais acentuadas nas últimas semanas, os mercados vêm reduzindo os “exageros” e se reacomodando. Contudo, os bancos centrais parecem estar refinando cenários e ajustando expectativas para uma desinflação mais lenta, com juros elevados por mais tempo.

Diante do quadro global mais desafiador, fica também mais latente que o país ainda tem um grande desafio pela frente para ajustar as contas públicas e não deveria esperar deterioração maior lá fora para priorizar ainda mais essa questão.

12ª edição do Dia da Mulher da DPDF contará com testes rápidos de dengue

O público feminino em situação de vulnerabilidade terá acesso a diversos serviços gratuitos, nesta segunda-feira (6/5), durante a 12ª edição do Dia da Mulher da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF). Nesta edição, a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) vai realizar testes rápidos de dengue. O evento ocorre das 8h às 17h, no Nuclão da DPDF, localizado no Setor Comercial Norte (SCN).

Entre os diversos serviços ofertados, terá atendimentos de conciliação e mediação, orientação jurídica, Iniciais de Família e de Fazenda Pública, acompanhamento processual, exames de DNA e atendimento psicossocial. Os serviços serão prestados pela Subsecretaria de Mediação e Cultura de Paz, do Núcleo de Assistência Jurídica da Santa Maria, do Núcleo de Assistência Jurídica de Iniciais, da Subsecretaria de Atividade Psicossocial e do Núcleo da Fazenda Pública da DPDF.

Na área da educação, a iniciativa oferecerá vagas de estágio de ensino médio, técnico e superior, além de vagas para jovem aprendiz ao público de 14 a 24 anos, disponibilizadas pelo Instituto da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF).

Além disso, a ação contará com a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que realizará cadastros no Programa Senac Cursos de Gratuidade (PSG). O Senac também ofertará serviços de beleza voltados à autoestima da mulher, como design de sobrancelha e maquiagem que serão disponibilizados pela manhã, além de depilação no rosto, corte de cabelo feminino e design de sobrancelha, estes à tarde.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda do DF (Sedet-DF) ofertará vagas de empregos e atendimentos ao empregador, como CTPS Digital, seguro-desemprego, orientação profissional, Cesta do Trabalhador, inscrições e orientações para diversos cursos de qualificação profissional e de orientações para o Programa PROSPERA (Microcrédito).

Prevenção

Ações de prevenção e o enfrentamento da violência doméstica contra a mulher também estarão no evento. A Secretaria da Mulher do DF participará da iniciativa com a entrega de kits e panfletos informativos, além da prestação de orientações a mulheres vítimas de violência. A ação contará com a prevenção e o enfretamento da violência doméstica contra a mulher, ofertados pelo Núcleo Judiciário da Mulher do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que disponibilizará atendimentos psicossociais de orientação e de sensibilização, além da distribuição de materiais informativos. A Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus), por meio da Subsecretaria de Apoio a Vítimas de Violência (Subav), prestará apoio psicossocial às vítimas de violência e seus familiares.

Na área da saúde, as mulheres em situação de vulnerabilidade social participantes do projeto contarão com mamografias, exames citopatológicos, odontologia, consultas com profissionais de enfermagem, realizados pelo Serviço Social do Comércio (Sesc). O Instituto Aria ofertará, no período matutino, serviços voltados para a saúde como avaliação bucal, encaminhamento para tratamento na clínica Aria, orientações sobre auto cuidado relacionado a todos os fatores importantes, como prática de esporte, atividade física, alimentação hobby, música, cuidado bucal, cuidado com o corpo e uso de tecnologias. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disponibilizará exames de autocoleta de prevenção do câncer do colo do útero para as mulheres de 30 a 49 anos. O Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) – Grupo Opty realizará a aferição de pressão ocular.

A Secretaria da Pessoa com Deficiência do DF realizará o Cadastro da Pessoa com Deficiência, a Carteira de Identificação para Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, orientações sobre passe livre especial e sobre Benefício de Prestação Continuada (BPC), além da distribuição de material informativo. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) também participará do evento e realizará atendimentos referentes à regularização e à inscrição em programas habitacionais.

O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Móvel, da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes/ DF) ofertará a prestação de serviços socioassistenciais, com a disponibilização de 130 senhas. A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) distribuirá água potável ao longo do evento.

Dia da Mulher

O Dia da Mulher da Defensoria Pública do DF ocorre na primeira segunda-feira útil de cada mês. Caso seja feriado, a ação é realizada no primeiro dia útil subsequente. Durante as 11 primeiras edições do evento, realizado desde maio de 2023, foram realizados quase 11 mil atendimentos. A cada mês, novas parcerias são firmadas com o objetivo de ofertar mais serviços exclusivos para mulheres em situação de risco devido a fatores sociais, econômicos e violência.

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