Ranking de Práticas LGBTQIA+: Natura, Banco do Brasil, TIM, Dasa e Mercado Livre se destacam entre empresas inclusivas

Inclusão LGBTQIA+ nas grandes empresas brasileiras está em crescimento, impulsionada por líderes em diversos setores

Um levantamento recente sobre as práticas de inclusão LGBTQIA+ das 100 maiores empresas brasileiras trouxe à tona líderes surpreendentes nos setores de cosméticos, saúde, tecnologia, bancário e telefonia. Realizado pelo Integridade ESG em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e a Knewin, a maior empresa de gestão de dados da América Latina, o estudo revelou que Natura, Dasa, Mercado Livre, Banco do Brasil e TIM compõem o top 5 do ranking.

A pesquisa, que utilizou inteligência artificial para mapear iniciativas, ações, anúncios, investimentos e projetos relacionados à inclusão LGBTQIA+, analisou centenas de milhares de registros ao longo de 2023. Foram consultados mais de 550 veículos de notícias brasileiros, repositórios de dados de órgãos governamentais e da sociedade civil, além de informações abertas online. Um sistema de IA baseado em machine learning atribuiu valores às ações positivas e negativas, gerando uma medição precisa. A avaliação final contou com uma banca de especialistas em IA, programadores, e associações LGBTQIA+ e de Saúde Mental.

Kaká Rodrigues, cofundadora da consultoria Div.A Diversidade Agora!, comenta que os segmentos líderes refletem uma diversidade de abordagens e estratégias para promover a inclusão LGBTQIA+. “São todas empresas referências, não apenas no seu setor, e com grande potencial de liderar uma retomada nas ações e investimentos em DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão), arrefecidos nos últimos anos”, avalia.

Estratégias de Inclusão das Empresas Destaques:

Natura

Liderando o ranking, a Natura é reconhecida por suas campanhas inclusivas nas redes sociais, retratando casais homossexuais. Desde 2019, a empresa enfrentou críticas e protestos, mas manteve seu posicionamento firme, como na campanha de lançamento da linha #ColeçãoDoAmor. A marca também desenvolve produtos e embalagens pensando em todos os gêneros, fortalecendo seu compromisso com a inclusão.

Dasa

Em segundo lugar, a Dasa foca em estratégias corporativas, marcando presença em editorias de economia e negócios. Com comitês específicos e grupos de afinidade, a empresa estimula e apoia iniciativas internas de diversidade. Participa de frentes como o Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIA+ e a Rede Empresarial de Inclusão Social, destacando-se no LinkedIn por seu posicionamento pela diversidade.

Mercado Livre

O Mercado Livre, terceiro colocado, promove ações afirmativas tanto no ambiente virtual quanto no mundo real. A empresa patrocina paradas do orgulho gay e promove campanhas digitais com artistas renomados como Pabllo Vittar, aumentando o engajamento com a causa LGBTQIA+.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil se destacou ao retomar, em 2023, investimentos na causa LGBTQIA+ após quatro anos de distanciamento. Sob a liderança da presidente Tarciana Medeiros, a primeira mulher e LGBT a ocupar o cargo, o banco lançou a campanha “LGBTQIA+ Cidadania” e criou um Conselho Consultivo de Diversidade, Equidade e Inclusão.

TIM

A TIM investe na cultura e no ambiente digital, incorporando elementos das bandeiras LGBTQIA+ em suas campanhas e logotipos. A empresa lançou um aplicativo de emprego voltado para profissionais LGBTQIA+ e patrocina paradas gay, reforçando sua imagem como uma empresa inclusiva.

Visibilidade e Ações Corporativas

Rodrigues destaca que a visibilidade midiática e as ações corporativas em prol da inclusão LGBTQIA+ são sinais de progresso. No entanto, ela alerta para a necessidade de planejamento estratégico e políticas internas robustas para garantir a continuidade e autenticidade dessas iniciativas.

Carlos Assis, CEO do Instituto Philos Org, reforça a importância da diversidade para a saúde mental, destacando que um ambiente inclusivo é fundamental para a segurança psicológica. Ele observa que, embora a agenda de diversidade tenha ganhado destaque, muitas empresas ainda limitam suas ações a campanhas de comunicação. Assis defende a necessidade de programas de formação para líderes, utilizando conceitos de Psicologia, Filosofia e Arte para criar um ambiente organizacional verdadeiramente inclusivo.

Em resumo, a inclusão LGBTQIA+ nas grandes empresas brasileiras está em crescimento, impulsionada por líderes em diversos setores. Para garantir que essas iniciativas sejam duradouras e impactantes, é essencial um compromisso genuíno das lideranças e a colaboração com a comunidade LGBTQIA+.

Fonte: Brasil 247

Após saída de Prates, ações da Petrobras têm a maior queda diária desde março

Após a demissão do ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que deixou o cargo após um ano e quatro meses à frente da estatal, as ações da petrolífera tiveram a pior performance em mais de dois meses. O valor dos papeis preferenciais (PETR4) – sem direito a voto, mas com prioridade no recebimento de dividendos – caiu 6,04%, a R$ 38,40, enquanto que os ordinários (PETR3) – com direito a voto – tiveram uma queda ainda maior, de 6,78%, a R$ 40,02.

O valor das ações da empresa vinha em um movimento progressivo de recuperação, após a queda forte no dia 8 de março, após a decisão do Conselho da Petrobras que bloqueou o pagamento de dividendos aos acionistas. Um mês depois, o mesmo conselho aprovou, sob o aval do presidente Lula e de Prates, a distribuição de 50% do lucro líquido remanescente do 4º trimestre do ano passado.

A aprovação do pagamento aumentou o desconforto de membros do governo e, principalmente, do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que chegou a declarar que as divergências que existem entre os dois são “públicas e pontuais”. O chefe da pasta defendia o bloqueio total dos dividendos. O novo nome para assumir a estatal já foi aprovado pela Petrobras – a ex-diretora da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard.

Diante disso, o valor de mercado da empresa teve uma queda de R$ 34 bilhões em apenas um dia, nesta quarta, e encerrou o pregão valendo R$ 509 bilhões. Foi a maior desvalorização da estatal desde o dia 8 de março, quando ela perdeu R$ 55,3 bilhões, com o valor de mercado fechando o pregão em R$ 473,7 bilhões.

O movimento de desvalorização já era esperado pelo mercado. “A saída do Prates já tinha sido especulada no início deste ano, mas a mudança foi repentina e um tanto surpreendente. Definitivamente é um ruído e “negativo” para as ações”, avalia o analista da VG Research, Luan Alves.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima, as expectativas em torno do trabalho de Chambriard à frente da empresa estão baseadas na continuidade do equilíbrio das práticas de precificação alinhadas ao mercado, mesmo com as demandas políticas e sociais por preços mais acessíveis de combustíveis.

“Ela terá o desafio de gerir as expectativas do mercado financeiro e as demandas políticas, possivelmente introduzindo novas práticas que poderiam incluir uma abordagem mais flexível e talvez menos dependente das variações do mercado externo. De qualquer forma será uma missão difícil conciliar os interesses da empresa com os do governo”, considera.

A queda das ações da Petrobras puxou o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa / B3) nesta quarta-feira (15/5) para uma queda de 0,38%, aos 128.027 pontos. Tanto os papeis ordinários quanto os preferenciais foram os que tiveram a maior desvalorização no fechamento do pregão entre todas as ações listadas na B3.

Apesar disso, a queda da bolsa nesta quarta só não foi maior por conta da valorização de ações importantes, como a da Embraer (EMBR3), que subiu 5,63%, valendo R$ 38,97, e a da JBS (JBSS3), que atingiu R$ 27,19, com o aumento de 8,11% no valor da ação – o maior no pregão desta quarta.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

De Milei a Boric, líderes ‘outsiders’ das Américas enfrentam lua de mel mais curta, diz estudo

Os presidentes da Argentina, Javier Milei, e do Chile, Gabriel Boric, não poderiam estar em espectros políticos mais opostos. Enquanto um é um libertário que defende o Estado mínimo, o outro é um ex-líder de movimento estudantil de esquerda. Ambos, porém, têm em comum a lua de mel curta, resultado das consequências de ser um “outsider” antes de assumir o cargo, indica um estudo do Observatório Pulsar da Universidade de Buenos Aires (UBA).

A análise foi feita na esteira do marco dos 100 dias de Milei na Casa Rosada, trimestre que sacudiu a economia, a política e a sociedade argentina. Com isso, os pesquisadores analisaram os primeiros 100 dias de nove presidentes das Américas e concluíram que outsiders como Milei, Boric e Petro Castillo, agora ex-presidente do Peru, já começam com popularidade menor, geralmente abaixo dos 50%, e veem esse apoio ser corroído ao longo do tempo de maneira contundente.

Do outro lado da balança está Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil; Joe Biden, nos Estados Unidos, e Luis Lacalle Pou, no Uruguai, figurinhas carimbadas da política de seus países que, embora também veem seus apoios sendo corroídos pela impaciência popular, a velocidade é muito menor. Muito devido ao poder e experiência de diálogo de seus partidos com outros Poderes e bases políticas. Além disso, suas oscilações de apoio não costumam ser tão drásticas quanto as vistas entre os outsiders.

No meio deste caminho estão os “rebeldes”, aqueles que, pelas definições do observatório, vêm de partidos tradicionais ou possuem carreiras políticas anteriores, porém, prometem mudanças profundas ao chegar ao governo. É o caso de Gustavo Petro, na Colômbia, Andrés Manuel López Obrador (AMLO) no México e Guillermo Lasso, ex-presidente do Equador.

Estes costumam chegar ao poder com forte respaldo popular – Petro é uma exceção neste caso, já que sua vitória em 2022 foi apertada -, no entanto, o apoio vai caindo drasticamente ao longo do tempo, conforme as mudanças prometidas não chegam aos olhos da população.

Para a seleção dos presidentes, os pesquisadores determinaram que era necessário haver ao menos cinco estudos nacionais de opinião pública distintos com intervalos de publicação de cinco a 20 dias. Com este critério, ficaram de fora Luis Arce, da Bolívia, e Daniel Noboa, do Equador. Dina Boluarte também ficou de fora por representar uma continuidade do governo de Castillo.

Tanto Pedro Castillo quanto Guillermo Lasso já não comandam os seus países, mas fazem parte da análise por atenderem aos requisitos acima. Suas presenças, além disso, são significativas já que corroboram o resultado de um apoio popular em queda: Castillo foi preso depois de um golpe de Estado fracassado e Lasso matou o próprio governo em meio à crise política no país.

Todos vão mal

Um estudo anterior do mesmo observatório já mostrava uma realidade preocupante aos presidentes do continente: a paciência popular está muito mais curta depois da pandemia. Antes da crise sanitária, era comum os líderes começarem os seus mandatos com níveis altos de aprovação, acima de 70%.

Agora, porém, raramente os números passam de 50%, com vitórias eleitorais extremamente apertadas e sob um alto clima de polarização política.

A “lua de mel” dos primeiros 100 dias é um marco interessante a se observar porque dá o panorama do que esperar daquele governo nos próximos quatro ou cinco anos. Se chama assim porque costuma ser uma época em que os líderes recém-eleitos aproveitam de uma certa paciência popular, da imprensa e até da oposição antes de começarem as críticas.

Segundo a média contabilizada pela Pulsar, hoje os presidentes arrancam com cerca de 54,4% de aprovação no primeiro mês. Já no segundo, esse apoio cai para 48% e o terceiro fecha com 41,7%. Mas ao fazer a separação por carreira política, a discrepância apareceu.

Os “insiders”, ou políticos tradicionais, começam com uma média de 56,2% e terminam o terceiro mês com cerca de 55,2%. Já os rebeldes iniciam sob altas expectativas, com 66%, e minguam para 47,8%. Por fim, os outsiders já iniciam sob olhares desconfiados com apenas 43% de apoio e chegam ao terceiro mês com 32,1%.

“Enquanto os insiders foram os que menos variação tiveram em seus primeiros três meses de mandato, os rebeldes e os outsiders viram uma queda substancial dos níveis de apoio popular”, observa o relatório publicado no fim de abril.

O motivo, segundo o relatório, está nas estruturas partidárias (ou falta delas), bem como maior experiência de governo e de construção de bases de apoio. “Isso pode facilitar a implementação de políticas e a navegação pelo complexo cenário legislativo”, afirma a publicação.

Já os outsiders carregam consigo uma faca de dois gumes. Embora pareça, a princípio, que podem carregar maior respaldo popular pelas promessas drásticas de ruptura que trazem, convivem também com uma grande desconfiança por parte da sociedade. “A falta de experiência e o ceticismo sobre sua capacidade de manusear os mecanismos do governo podem erodir rapidamente o apoio se não conseguirem resultados tangíveis rapidamente”, aponta.

Os rebeldes, por sua vez, precisam lidar com a frustração popular, chegando ao poder com altíssimos níveis de expectativas já que, em tese, reúnem o melhor dos dois mundos: a experiência e o respaldo partidário com a promessa de mudanças drásticas. Mas são traídos pelas próprias promessas batendo na realidade. “Sua capacidade de manter altos níveis de aprovação depende criticamente de sua habilidade para cumprir promessas audaciosas”, diz o relatório.

Milei e a guerra contra a ‘casta’

O libertário Javier Milei chegou ao poder prometendo uma caça ao que chama de “casta”, ou seja, os políticos do mais alto escalão que não sentem os efeitos da dramática crise econômica do país. Economista que se fez famoso por seus comentários ácidos na televisão, ele caiu no gosto do público quando ainda era deputado ao doar seu salário.

Em seu discurso de posse, ele prometeu acabar com os privilégios da dita casta por meio de profundas reformas econômicas e de Estado. A realidade, porém, se mostrou outra. Para ter as reformas que prometia, Milei precisava conversar com legisladores, governadores e líderes de partidos, especialmente da direita. As conversas foram um fiasco.

Ao chamar políticos de “ratos” e “traidores”, Milei abriu uma guerra aberta no campo político enquanto sua população via seu poder de comprar secar em uma recessão econômica profunda e proposital.

O libertário começou o seu governo com uma média de aprovação de 47,9%, quase a quantidade de votos que recebeu no segundo turno. É a maior aprovação dentro dos outsiders, muito porque o governo anterior entregou o poder com inflações recordes, pobreza em escalada e enorme descrédito político.

Pedindo paciência à população com a promessa que após a piora da situação econômica haverá uma melhora, Milei tem conseguido manter seus níveis de apoio entre 43% e 49%. Chegou a cair na metade dos 100 dias, conforme a inflação bateu o recorde mensal em janeiro (25%) e a pobreza saltou para 57%, segundo projeções. Mas as boas notícias do primeiro superávit em 16 anos do país trouxe um alívio no fim da lua de mel, que parece ainda ter um tempo de vida útil pela frente.

Impopularidade de Boric

O ex-líder de movimento estudantil Gabriel Boric chegou ao poder depois dos históricos protestos de 2019 e após uma eleição polarizada com José Antonio Kast em 2021. Sua carreira política era curta antes da presidência, até porque ele tinha 35 anos quando venceu a eleição, sendo o presidente mais jovem já eleito.

Sua lua de mel, porém, já dava sinais das dificuldades que viria pela frente. Ele chegou ao poder com média de 43% de aprovação e registrou os índices mais baixos de todos os líderes analisados pelo Pulsar, com 31,8% entre os 50º e 75º dias de sua administração.

Sua agenda trazia uma forte proposta de guinada à esquerda de um Chile que via o renascer de uma direita mais radicalizada desde a ditadura de Augusto Pinochet. Sua maior promessa era a mudança na Constituição, que até agora não saiu devido a derrotas legislativas e em referendos.

A radicalização da mudança constitucional fez muitos chilenos rejeitarem a proposta do governo, que precisou retroceder. Boric deu muitos passos atrás, reformulando seu gabinete e buscando um discurso mais moderado.

Outro problema veio com o aumento da inflação no país e uma crise de segurança que o governo não tem conseguido lidar. Atualmente o problema da segurança é que o mais preocupa os chilenos, jogando o apoio a Boric cada vez mais para baixo. Hoje este número está em 24%, segundo dados da consultora Cadem, o mais baixo já registrado em seu governo. Mais de 50% dos chilenos dizem que não gostam de Boric.

Pedro Castillo e o autogolpe fracassado

De forma semelhante a Boric, o esquerdista Castillo chegou ao poder depois de uma eleição disputada voto a voto com a extremista Keiko Fujimori, filha do ditador Alberto Fujimori. Professor de escola primária rural, ele foi uma grande surpresa das eleições em um país que convive com uma intensa crise política e social desde os escândalos da Lava Jato em 2016.

Seus números de aprovação também são semelhantes aos do chileno. Começou o governo com média de 38,3% e completou 100 dias com 34,5%, tendo oscilado positivamente nos dias anteriores. Seu governo foi marcado por investigações de corrupção, troca constante de ministros e pedidos de impeachment.

O fracasso veio rápido. Pouco mais de um ano depois de eleito, em dezembro de 2022, Castillo foi preso depois de tentar um autogolpe de Estado. Sem qualquer apoio, seja político, popular ou militar, Castillo tentou dissolver o Congresso em meio a uma votação por sua destituição iminente.

Sua vice, Dina Boluarte, assumiu o cargo e permanece até hoje, mas não sem dificuldades, já que também enfrenta pedidos de impeachment, troca constante de gabinete, protestos com repressão policial e, mais recentemente, um escândalo envolvendo relógios de luxo. Mas, diferentemente de seu antecessor, ela conseguiu formar uma pequena maioria no Parlamento e por isso não caiu.

Lula, Biden, Lacalle Pou e o peso do aparato partidário

O estudo observa o peso da experiência política e do aparato partidário tradicional em cenários de grande polarização política, como é o caso de Brasil e Estados Unidos. “Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden são casos interessantes porque mostram o efeito positivo de serem insiders em momentos de alta polarização”, afirma o documento.

“São, ao mesmo tempo, dois casos interessantes porque foram eleitos após gestões presidenciais localizadas em suas antípodas ideológicas, como foram Jair Bolsonaro e Donald Trump. Os dois, inclusive, foram seus competidores em eleições presidenciais com altíssimos níveis de divisão política, social e eleitoral”, continua.

A aprovação de Biden praticamente não mudou, ficando entre 53% e 55% nos seus primeiros 100 dias. Lula chegou a oscilar entre 52% e 43%. Ambos lidaram com uma questão idêntica em seus primeiros dias de gestão (no caso de Biden, o dia de sua certificação): a invasão do Capitólio nos EUA e a invasão aos prédios dos Três Poderes em Brasília, o que pode ter contribuído em dar uma lua de mel mais amena.

As quedas, especialmente no caso de Biden que está para terminar seu mandato, vieram depois, conforme foram chegando os dados econômicos de suas gestões, bem como os embates políticos com o Congresso.

Já Luis Lacalle Pou é um caso à parte, pois conseguiu manter sua lua de mel por muito tempo, com níveis acima de 60%. Como já mostrou o Estadão com base em estudos anteriores, o uruguaio configura até hoje, no apagar das luzes de seu mandato, um dos presidentes mais populares da América do Sul.

Petro, Lasso e a frustração popular

O ex-guerrilheiro Gustavo Petro fez história quando foi eleito em junho de 2022, se tornando o primeiro presidente de esquerda da Colômbia. Ele chegou ao poder com a promessa de fazer reformas profundas na economia, na política e na sociedade colombiana, embora não tivesse maioria no Congresso e com um alto nível de desconfiança devido ao seu passado guerrilheiro.

Com sua ambiciosa promessa de “Paz Total”, ele chegou ao poder com 58% de apoio, alcançando o nível mais baixo 50 dias depois, com 47%. Sem conseguir avançar a sua reforma e com uma forte crise migratória de venezuelanos que fogem da ditadura de Nicolás Maduro, Petro tem hoje 60% de desaprovação, segundo pesquisa Invamer Poll de abril.

Guillermo Lasso é um caso curioso. Chegou ao poder com média de aprovação de 76%, a mais alta dos líderes avaliados, e terminou matando o próprio governo em uma medida que visava impedir o seu impeachment. Em meio a escândalos de corrupção, o então presidente decretou a “morte cruzada”, medida que dissolvia a Assembleia Nacional e o permitia governar por seis meses por decreto antes de novas eleições.

O país passou por novas eleições em outubro, em que foi eleito o empresário Daniel Noboa. A eleição foi marcada pela morte do candidato Fernando Villavicencio, que marcaria o início de uma escalada de violência que colocou o Equador em Estado de exceção e vem impulsionando políticas de segurança de Noboa.

Por fim, AMLO é o ponto fora da curva dos rebeldes, cuja taxa de aprovação nos primeiros 100 dias começou com 74% e até oscilou, mas nunca ficando abaixo dos 60%. O México passará por eleições em 2 de junho, onde a candidata de AMLO, Claudia Sheinbaum, é a grande favorita.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Laura Carneiro será relatora de MP que destina mais de R$ 12 bi ao RS

A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) será relatora da medida provisória (MP) editada pelo governo na sexta-feira (11/5) que aloca mais de R$ 12 bilhões a órgãos federais para o apoio na reconstrução do Rio Grande do Sul (1.218/2024) ante o estado de calamidade causado pelas tempestades.

O texto destina a maior parte do recurso para o Programa Emergencial de Acesso a Crédito, criado pela MP 1.216/2024, R$ 4,95 bilhões. O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) receberá R$ 4,5 bi, por meio do Fundo Garantidor de Operações (FGO), e outros R$ 450 milhões são destinados a pequenas e médias empresas, aplicados em cotas do Fundo Garantidor para Investimentos (FGI). O Ministério dos Transportes terá R$ 1,18 bilhão para ser aplicado na recuperação e na restauração de rodovias federais no Rio Grande do Sul.

A MP destina ainda R$ 1,12 bilhão para o Ministério da Defesa. Os recursos vão custear o emprego das Forças Armadas em ações de proteção e defesa civil. Já a Saúde fica com R$ 931,81 milhões a ser usada em ações como pagamento de servidores, funcionamento de serviços ambulatoriais e hospitalares; compra e distribuição de medicamentos; procedimentos de média e alta complexidade; promoção, proteção e recuperação da saúde indígena; e fortalecimento do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Ambiente.

A pasta da Integração e do Desenvolvimento Regional deve receber R$ 560 milhões para ações de proteção e defesa civil e outros R$ 497,79 milhões vão para o Trabalho aplicar no pagamento do seguro-desemprego no estado.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar deve destinar R$ 416,14 milhões do programa de Aquisição de Alimentos, voltado ao apoio de produtores rurais, agricultores familiares e cooperativas, à formação de estoques públicos.

A matéria também libera R$ 164,36 milhões para o Ministério das Cidades garantir o funcionamento dos sistemas de transporte ferroviário urbano de passageiros. O Desenvolvimento e Assistência Social deve receber R$ 156,7 milhões para diversas ações, como para distribuição de alimentos; apoio aos equipamentos de segurança alimentar e nutricional; e proteção social.

O Ministério da Agricultura e Pecuária fica com R$ 100 milhões, para a formação de estoques reguladores. A Educação deve aplicar R$ 25,89 milhões em alimentação escolar e outros R$ 46,1 milhões no programa Dinheiro Direto na Escola para a Educação Básica. O Ministério da Justiça e Segurança Pública deve receber um total de R$ 21,98 milhões. A verba vai pagar a indenização de servidores que trabalham em horário de folga, além de custear a atuação da Força Nacional de Segurança Pública e operações de policiamento e repressão ao tráfico de drogas no Rio Grande do Sul.

A MP, publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) no sábado (11), será analisada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), composta de deputados e senadores, antes de ir à análise dos plenários da Câmara e do Senado.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Dívida estável, só na próxima década

O comunicado divulgado, na semana passada, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, após a reunião que diminuiu o ritmo de redução da taxa básica de juros (Selic), traz a preocupação com a condução da política fiscal. O colegiado alerta para os impactos das decisões do Executivo no controle da dívida pública.

Em um dos trechos, o documento diz que “o comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária” e completa que “o comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente, impactando a política monetária”.

Em abril, o governo anunciou o afrouxamento da meta fiscal no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, substituindo a meta de um superavit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), para o deficit zero, colocada anteriormente como objetivo para 2024. O anúncio repercutiu negativamente no mercado financeiro.

Mercado apreensivo

Analistas ouvidos pelo Correio criticaram a medida. A apreensão dos analistas se ampliou, na semana que passou, por causa da divergência explícita na votação da nova Selic, com cinco votos pela redução em 0,25 ponto percentual e quatro diretores votando pela redução de meio ponto.

Para eles, o consenso que está se formando é que a estabilização da dívida pública bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), importante termômetro da capacidade de um país honrar seus compromissos, não ocorrerá no mandato atual e, provavelmente, ficará para a próxima década, na melhor das hipóteses.

“Voltamos ao erro da construção do arcabouço fiscal. Era esperado esse resultado. O melhor que o governo pode fazer agora é evitar gastos adicionais que venham do Congresso. De arrecadação, o grosso do esforço já foi feito. Não é uma situação dramática, mas vai exigir a criação de um novo regime fiscal em 2027. Perdemos tempo”, lamenta Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Pelas contas dele, a estabilização da dívida pública bruta só deverá ocorrer quando o governo conseguir entregar um superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de 2% do PIB. “E estamos muito longe disso”, frisa. “A estabilização da dívida pública vai depender do esforço fiscal em um próximo mandato. Não vai acontecer neste governo”, resume.

Ao apresentar as novas metas no PLDO de 2025, a equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostrou projeções muito otimistas para a trajetória da dívida pública, com parâmetros fora da realidade, de acordo com os analistas, como a previsão de uma Selic de 7% — atualmente de 10,25% ao ano —, na contramão das atuais previsões, que indicam aumento em vez de redução.

O economista e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria, por exemplo, não descarta uma Selic de 10% no fim deste ano e ele também é categórico ao destacar os desafios para a estabilização da dívida pública na atual conjuntura. “Será preciso um superavit primário de, pelo menos, 1,5% do PIB. E, no acumulado dos quatro anos do governo Lula, vamos ver um deficit primário acumulado de 6% do PIB. Logo, a dívida pública vai continuar crescendo e a relação dela em relação ao PIB vai subir”, alerta.

Tragédia no Sul

Nóbrega acrescenta que existem dois fatores recentes que ajudaram a piorar as estimativas para a taxa de juros e para a inflação, que contribuem para encarecer o custo da dívida pública. “Primeiro, a percepção do mercado de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) pode até não começar a baixar a taxa básica neste ano, o que significaria terminarmos o ano com o dólar mais valorizado, acima dos R$ 4,90 das previsões do mercado. Isso significa mais pressão inflacionária e essa tragédia do Rio Grande do Sul também vai bater na inflação”, alerta. Pelos cálculos de Nóbrega, a crise do estado sulista ainda pode provocar um impacto de até 0,40 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, elevando as atuais projeções do mercado no boletim Focus, do BC, de 3,72%, para pouco mais de 4%. “O Copom elevou de 3,5% para 3,8% a previsão da inflação deste ano e a tragédia no Sul pode fazer a inflação voltar para mais de 4%”, aponta.

“Como se sabe, é preciso, realmente, ajudar o Rio Grande do Sul na reconstrução da economia, da infraestrutura e amparar os agricultores. Isso ninguém pode ter dúvida. Isso é necessário. Mas isso vai significar um gasto adicional não previsto. Então, vai ficar mais difícil ainda cumprir as metas do arcabouço fiscal e, portanto, haverá uma deterioração, por menor que seja, da situação fiscal do país”, afirma o ex-ministro, em referência ao pacote de R$ 51 bilhões de ajuda anunciado pelo presidente Lula.

“A maior parte desse montante é crédito, mas ainda é cedo para dizer o real impacto nas contas públicas, porque ninguém ainda sabe quanto tempo vai demorar para a volta à normalidade no estado”, ressalta.

Não à toa, a mediana das apostas do mercado para a taxa básica de juros (Selic), de 10,75% ao ano, para o fim do ano passaram de 9%, há quatro semanas, para 9,63%, no último boletim Focus, publicado na segunda-feira (6), pelo Banco Central. De acordo com os especialistas, a mudança da meta fiscal, adiando para 2026 a previsão de deficit primário zero nas contas do governo federal, só ajuda a piorar as projeções para o equilíbrio fiscal, apesar de técnicos da equipe econômica, como o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, insistirem em afirmar que a dívida pública vai se estabilizar em 2027.

O economista Alexandre Andrade, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), ressalta que a estabilização da dívida pública vai depender das premissas e do cenário considerado nas estimativas e, no caso do PLDO, “os parâmetros estão bastante otimistas”. “No cenário da IFI, a estabilização da dívida só ocorreria no começo da próxima década”, afirma.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Inflação acelera em abril e atinge 3,69% em doze meses, segundo o IBGE

Puxado por medicamentos e alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, apresentou alta de 0,38% em abril. Segundo os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma aceleração em comparação a março, quando os preços subiram 0,16%.

O resultado veio acima do esperado por analistas, mas ainda é menor do que a inflação registrada em abril de 2023, quando a variação foi de 0,61%. No ano, a inflação acumula alta de 1,80% e nos últimos 12 meses, de 3,69%, abaixo dos 3,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

A alta foi disseminada, atingindo sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados. Os vilões da inflação no mês passado foram os grupos de saúde e cuidados pessoais, com alta de 1,16%, e de alimentação e bebidas, cujos preços subiram 0,70%. Houve um grande impacto dos produtos farmacêuticos, em decorrência do reajuste de até 4,5% autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a partir de 31 de março.

A alimentação no domicílio, por sua vez, acelerou 0,81% em abril, ante 0,59% no mês anterior. Mamão, cebola, tomate e café moído apresentaram as altas mais expressivas, provocadas pela menor oferta desses produtos em abril. “Fenômenos climáticos ocorridos no fim de 2023 e no começo de 2024 afetaram a produção”, observa o gerente da pesquisa, André Almeida.

Usado para a correção do salário mínimo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou alta de 0,37% em abril, acima do resultado observado em março, de 0,19%. O indicador mede o poder de compra das famílias de baixa renda do país, a partir da variação de preço de determinados produtos e serviços consumidos por aqueles que têm rendimento de um a cinco salários mínimos.

Os preços dos produtos alimentícios passaram de 0,50% de variação em março para 0,57%, em abril. A variação dos não alimentícios também foi maior. Enquanto em março a alta havia sido de 0,09%, em abril foi de 0,31%.

Após variação negativa no mês passado, o grupo de transportes teve alta de 0,14%, com os subitens de maior impacto positivo e maior impacto negativo no índice de abril, de modo que eles acabaram se anulando. “Mais uma vez, o item de maior impacto negativo foram as passagens aéreas, que recuaram 12,09%. Esses últimos resultados ressaltam um certo protagonismo das variações nos preços das passagens aéreas recentemente, que têm impactado consideravelmente a dinâmica inflacionária geral”, destacou Igor Cadilhac, economista do PicPay.

Rio Grande do Sul

As enchentes provocadas pelos temporais no Rio Grande do Sul devem afetar principalmente os preços do arroz, visto que o estado é o principal produtor do grão no país. Analistas esperam uma elevação de pelo menos 0,1 ponto percentual na inflação devido aos desastres, com uma disparada dos preços do arroz em cerca de 20%.

A inflação oficial do país é decorrente da apuração de preços em 16 municípios ou regiões metropolitanas. A região metropolitana de Porto Alegre responde por um peso de 8,61% na formação da taxa do IPCA.

Segundo o economista da Crowe Macro Ricardo Julio Rodil, as colheitas perdidas afetarão tanto o mercado doméstico quanto o externo, pois ao diminuir a oferta, a consequência imediata é o aumento do seu preço, mesmo que as outras variáveis continuem nos mesmos níveis anteriores. De acordo com ele, “todos os caminhos levam à inflação”.

“Se a exportação continuar no ritmo pré-enchentes, a oferta doméstica diminuirá sensivelmente, o que causará aumento do nível de preços internos, com o aumento da inflação. Se a exportação for prejudicada e a oferta for endereçada substancialmente ao mercado doméstico, a exportação diminuirá. Daí decorrerá menor entrada de divisas, o que deve pressionar a cotação do dólar, o que encarecerá os produtos importados”, avaliou.

Para o doutor em Economia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Benito Salomão, os efeitos das enchentes no extremo sul do país caracterizam um “choque de oferta clássico”. “É uma quebra abrupta na produção de um determinado item — normalmente, uma commodity. No caso do Rio Grande do Sul, o efeito disso é sobre preço de alimentos, então essa queda de produção vem sucedida de uma alta abrupta dos preços. Aí, a dúvida que paira é qual será a propagação disso nos preços”, destaca.

Na UFU, Salomão coordena, junto com outros professores, um grupo formado por acadêmicos da Faculdade de Economia, que estuda a influência das mudanças climáticas na inflação. Ainda em fase de pesquisa, os resultados preliminares do estudo já revelam que os choques climáticos exercem efeitos diretos e prejudiciais sobre a inflação e a atividade econômica.

Na análise do especialista, itens como feijão, arroz e, provavelmente, carne bovina, devem apresentar uma inflação acima do normal nos próximos meses, por conta do fato de o Rio Grande do Sul ser um grande produtor, principalmente de arroz, no qual é considerado o maior do país. “Se esses efeitos vão perdurar mais ou menos, isso vai depender muito das ações que o governo vai tomar”, destacou Salomão.

Soja

O Rio Grande do Sul também possui a segunda maior produção de soja do país, atrás apenas do Mato Grosso do Sul. Na visão do pós-graduado em Agronegócios pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e consultor do tema há mais de 30 anos Carlos Cogo, os maiores impactos entre os alimentos devem ser sentidos por essas duas culturas.

De acordo com dados levantados pela Cogo Consultoria, as chuvas no estado podem causar uma perda de 6,5 milhões de toneladas de soja e 1,6 milhão de toneladas de arroz. As estimativas levam em consideração o estágio atual da colheita do grão e do cereal que atingiram 70% e 78%, respectivamente. Apesar disso, o especialista ressalta que só podem ser feitas estimativas mais aprofundadas após o nível da água que inunda diversos municípios do estado regredir.

“O que ainda não dá para se fazer, só dá para fazer mais adiante, é saber o que foi perdido que estava, por exemplo, em silos, ou em armazéns convencionais. Isso, em termos de grãos, que haviam sido colhidos e estavam em armazéns”, explicou Cogo.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Vendas de imóveis em SP tem melhor trimestre desde 2014 com queda nos juros

As vendas e lançamentos de imóveis na cidade de São Paulo dispararam no primeiro trimestre deste ano, registrando melhor resultado para o período desde 2014, quando começou a ser calculada a pesquisa Secovi-SP do Mercado Imobiliário.

Foram vendidas 22.686 no acumulado dos primeiros três meses deste ano, uma alta de 40% na comparação com mesmo período de 2023. Os lançamentos tiveram aumento ainda mais significativo, de 49%, com 15.636 novas unidades na capital paulista.

Somente em março, as vendas cresceram 47,2%, na comparação com o mesmo mês de 2023, com total de 10.482 unidades vendidas. Já no acumulado dos últimos 12 meses a alta foi de 16%.

Os negócios gerados pelo programa MCMV (Minha Casa Minha Vida) representaram 53% das vendas realizadas no período e 59% de todos os lançamentos, no primeiro trimestre.

Ely Wertheim, presidente-executivo do Secovi-SP (Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de São Paulo), diz que o fator que mais influenciou as vendas e lançamentos do setor foi a reformulação do programa MCMV. Porém, ele diz que o bom desempenho também está atrelado ao ambiente econômico mais propício, com redução da Selic e queda no desemprego.

“O primeiro trimestre de 2023 e 2024 representam momentos econômicos bastante diferentes. Em março do ano passado nós tínhamos uma taxa de juros bem mais alta, de 13,75% ao ano, e um novo governo ainda começando. Em 2024, temos cenário de taxa de juros em queda, um governo federal já estabelecido e o novo Minha Casa, Minha Vida já remodelado”, diz Wertheim.

Os aportes para o programa somaram R$ 117 bilhões, retomando níveis de 2019, antes da pandemia de Covid-19. Somado a isso, em março deste ano a Selic estava em 10,75%. Na última quarta-feira (8), o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou novo corte e atualmente a taxa é de 10,25% ao ano.

Em junho de 2023, o novo MCMV destinou mais recursos do Orçamento Geral da União para novos contratos da Faixa 1, direcionada para famílias com renda bruta até R$ 2.640. A alteração que mais mexeu com o mercado imobiliário foi a elevação do valor máximo do imóvel da Faixa 3, de R$ 264 mil para R$ 350 mil.

Folha Mercado

Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.

Carregando…

Os imóveis mais vendidos no primeiro trimestre são os apartamentos um e dois dormitórios em todas as faixas, e também para aqueles que custam de R$ 700 mil até R$ 800 mil.

Metade dos lançamentos da Incorporadora e construtora Mbgucci, que atua na Região Metropolitana de São Paulo, entre janeiro e março foram de imóveis da classe econômica, com valor de até R$ 350 mil. Eles representaram 50% das vendas da empresa em março deste ano, enquanto, no mesmo mês do ano passado, somaram 36,7%.

Para a incorporadora, o aumento no limite dos imóveis ampliou o leque de oferta das incorporadoras. Com o novo valor, agora é possível, por exemplo, vender imóveis pequenos em áreas mais centralizadas da cidade de SP. Mais pessoas estão conseguindo acessar o programa e isso diversifica o público.

Ana Maria Castelo, coordenadora dos projetos da Construção da FGV (Fundação Getúlio Vargas) afirma que desde o final do ano passado a reformulação do Minha Casa, Minha Vida está influenciando as vendas e lançamentos do setor imobiliário. Segundo ela, com as mudanças mais pessoas da classe média estão acessando o programa.

O diretor técnico da construtora, Milton Bigucci Junior, diz que a taxa do financiamento bancário ainda não acompanhou o ritmo de redução da Selic, apesar do bom momento. Para ele, as taxas continuam elevadas e as restrições para concessão de crédito ainda são muitas.

“Se o nível de redução de juros fosse o mesmo da Selic e houvesse menos restrições ao crédito, as vendas seriam maiores”, diz o diretor.

A expectativa é que o mercado siga aquecido em 2024, mas com ritmo mais lento nos próximos meses. O ano deve fechar com alta entre 5% e 10%, segundo o Secovi-SP. Apesar da perspectiva positiva, a entidade afirma que é preciso considerar imprevistos e alguns já estão em curso, como as enchentes no Rio Grande de Sul, que podem pressionar a inflação e mudar o cenário.

“A situação no sul é muito preocupante e é uma notícia muito ruim para a economia brasileira neste momento”, diz o presidente da instituição.

Wertheim também aponta que as vendas estão melhores, mas o setor não está conseguindo fazer lançamentos na mesma velocidade das vendas, provocando uma queda nos estoques. O ideal para Secovi-SP é que haja um equilíbrio entre vendas e lançamentos. Há dificuldade de licenciamentos, compra de terrenos e aprovação de projetos pelos órgãos públicos, além da baixa oferta de mão de obra.

Para professora da FGV, Ana Maria Castelo, a percepção é que há mais empresas interessadas em trabalhar com o MCMV desde a reformulação. Segundo ela, a tendência é que principalmente o programa continue influenciando o mercado ao longo do ano.

“A queda nos juros deve influenciar mais quando realmente atingir o crédito do mercado. Com isso, as vendas para média e alta renda podem subir ainda mais”, diz a professora.

Trump prometeu a petroleiras revogar políticas ambientais de Biden

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano Donald Trump pediu a executivos da indústria do petróleo que arrecadassem 1 bilhão de dólares para a sua campanha, com a promessa de revogar as regulamentações ambientais impostas pelo governo de Joe Biden se for reeleito, informou nesta quinta-feira (09) o jornal “The Washington Post”.

O jornal citou fontes segundo as quais a reunião teria acontecido no mês passado, no clube Mar-a-Lago de Trump, na Flórida. A campanha não confirmou nem negou à AFP o conteúdo do artigo.

“Joe Biden é controlado por extremistas ambientais que tentam implementar a agenda energética mais radical da História e obrigam os americanos a comprar veículos elétricos que não podem pagar”, disse Karoline Leavitt, porta-voz da campanha. Já a campanha de Biden acusou Trump de “vender famílias trabalhadoras para as grandes petroleiras em troca de cheques para a sua campanha”.

Segundo o Washington Post, Trump prometeu acabar imediatamente com o congelamento de licenças para novas exportações de gás natural liquefeito (GNL) imposto pelo governo Biden. Também antecipou a executivos de cerca de duas dezenas de empresas, entre elas Venture Global, Cheniere Energy, Chevron e Exxon, que leiloaria mais concessões de petróleo no Golfo do México e revogaria as restrições de perfuração no Ártico do Alasca.

A Lei de Redução da Inflação de 2022, que foi o plano de ação climática de Biden, canaliza cerca de 370 bilhões de dólares em subsídios para a transição energética dos Estados Unidos. Já Trump colocou em dúvida a ciência por trás das mudanças climáticas e retirou os Estados Unidos do acordo de Paris para limitar o aquecimento global.

“Ele age como um vilão das histórias em quadrinhos, oferecendo-se para vender o destino do planeta por um cheque de US$ 1 bilhão”, criticou o grupo climático Evergreen Action. “Está pronto para entregar uma caneta à Exxon e Chevron para redigirem as políticas que vão atrasar o progresso climático dos Estados Unidos e envenenar nossas comunidades.”

A campanha de Biden chamou Trump de “fantoche de seus maiores doadores”. “Ele não luta pelo que é melhor para as famílias americanas, pela energia mais barata ou pelo nosso clima, importa-se apenas com uma vitória nestas eleições.”

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

CNI avalia que corte nos juros ficou aquém e critica o Copom

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou uma nota na noite desta quarta-feira (8/5), logo após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter decidido reduzir a Taxa Básica de Juros em 0,25 pontos percentuais (p.p.), e não em 0,50 p.p., como estava sendo feito em todas as outras reuniões desde agosto do ano passado.

Na avaliação da entidade, a mudança de ritmo no corte de juros é vista como “inadequada”. “Essa decisão é incompatível com o atual cenário de inflação controlado e torna impraticável continuar o projeto de neoindustrialização do país com altos níveis de taxa de juros”, destacou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Segundo a confederação, com a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) abaixo do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — que é de 4,75% —, ainda há margem para cortes maiores na taxa atual. Nos últimos 12 meses, até março deste ano, o IPCA registrou acúmulo de 3,93%.

Na visão da entidade, a queda nas concessões de empréstimos evidencia as sérias dificuldades em tomar crédito, devido ao custo elevado, e prejudica os investimentos, a produtividade e a competitividade. “Reduzir o ritmo de corte da taxa básica tira a oportunidade de o Brasil alcançar mais prosperidade econômica, aumento de emprego e de renda”, completa o presidente da CNI.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Artigo: 30 anos em favor da saúde e da criação de empregos

Por Breno Monteiro, presidente do Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde)

No mês em que o setor privado de assistência à saúde alcançou a marca de 3 milhões de empregos com carteira assinada, a Confederação Nacional da Saúde (CNSaúde), que representa milhares de estabelecimentos de saúde em todo o país, completa agora 30 anos de existência.

Desde a sua fundação, a CNSaúde sempre buscou se colocar como interlocutora e permanente colaboradora na busca de soluções aos desafios colocados para o setor. Reforma tributária, questões trabalhistas, como o piso nacional da enfermagem, crise sanitária na pandemia da covid-19, aperfeiçoamento da legislação e das normas na saúde suplementar e relacionamento com o SUS, são alguns dos grandes temas em que a voz da entidade se fez presente. Atuando em defesa da qualidade assistencial e da sustentabilidade da saúde suplementar, a entidade representa oito Federações, 90 sindicatos patronais e os mais de 6 mil hospitais, laboratórios e clínicas privados, lucrativos ou beneficentes, que constituem, ao lado do SUS, um dos pilares do sistema nacional de assistência.

No recente processo de discussão da reforma tributária, ainda em andamento, a CNSaúde, em aliança com outras entidades da saúde, contribuiu para que os legisladores estabelecessem um critério de neutralidade na tributação do setor, fixado em 40% da alíquota padrão dos novos impostos sobre o consumo. Graças a isso, no processo de transição para o novo sistema, os serviços de saúde não sofrerão aumento na carga tributária, o que inevitavelmente acabaria por onerar os consumidores, aumentar a inflação da saúde e por dificultar o acesso da população à assistência médico-hospitalar privada.

A CNSaúde foi responsável também pela interlocução com o Congresso Nacional e com o Supremo Tribunal Federal no debate sobre a aplicação da Lei nº 14.434, que instituiu o piso nacional da enfermagem. Sem jamais desmerecer a importância do trabalho dos enfermeiros, técnicos, auxiliares e parteiras, a entidade alertou para a dificuldade de implantação do piso nacional único, em especial para as entidades beneficentes, para os pequenos e médios estabelecimentos e nas regiões economicamente mais frágeis. O impacto financeiro do piso trazia o risco de fechamento de hospitais e leitos e de demissões em massa. Após um longo processo de discussão, prevaleceu a ideia de que a adoção do piso ficaria submetida às negociações regionais, o que contribuiu para preservar os empregos na saúde e evitou que o setor afundasse em uma crise financeira. O acerto dessa mudança pode ser avaliado agora pelo crescimento do número de empregos no setor. Nos últimos 12 meses, o número de trabalhadores da saúde com carteira assinada cresceu 4,52% e chegou a 3.014.916, de acordo com dados do Caged.

Durante a pandemia da covid-19, a CNSaúde atuou como um facilitador das relações entre os prestadores privados de serviços de saúde e as autoridades para ampliar a oferta de leitos de internação e alertar para a falta de materiais e equipamentos. Frutos dessa parceria foram os hospitais de campanha inteira ou parcialmente financiados, construídos, equipados e operados pelas empresas da saúde privada. Somados esses investimentos às doações de equipamentos e insumos, o setor privado contribuiu com cerca de R$ 1 bilhão para o combate à covid-19.

O relevo cada vez maior do papel desempenhado pela CNSaúde, desde sua constituição em 1994, expressa a crescente importância do setor de saúde privada. Ao longo dos 30 anos de existência da Confederação, a participação da saúde na economia nacional dobrou, passando a representar cerca de 10% do PIB. As atividades relacionadas à saúde, por sua vez, hoje, representam cerca de 8% do total de ocupações no país.

Esse crescimento vertiginoso teve enorme impulso do setor privado, que, à força de muito investimento e trabalho, tem se mobilizado para atender a essa demanda da população por padrões cada vez melhores de assistência. Os desafios, entretanto, são igualmente grandes. É preciso assegurar à iniciativa privada ambiente atrativo para os investimentos; é preciso aperfeiçoar leis e regulações em favor da segurança jurídica dos contratos; é preciso evoluir nos modelos de assistência, de forma a oferecer melhor qualidade e maior acesso da população aos serviços. Contribuir para esse desenvolvimento, como porta-voz desses anseios do setor privado da saúde, é a missão que a CNSaúde seguirá desempenhando com orgulho e determinação.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram