Preços dos medicamentos poderão subir até 4,5%. Entenda

Os medicamentos poderão ficar até 4,5% mais caros. O percentual se refere ao teto do reajuste anual estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial responsável pela regulação do mercado de medicamentos no país.

O teto do reajuste é o menor desde 2020. Ano passado, o limite máximo autorizado foi de 5,6%.

O reajuste está autorizado a partir de domingo, dia 31, mas o aumento dos preços não é automático. Mesmo assim, a tendência é que, a partir do dia 1º, as remarcações ocorram ao longo do tempo, na magnitude máxima permitida.

Concorrência regula preços, diz indústria

O Sindusfarma, que representa a indústria farmacêutica, ressaltou que os reajustes não são automáticos porque “a grande concorrência entre as empresas do setor regula os preços”.

“Medicamentos com o mesmo princípio ativo e para a mesma classe terapêutica (doença) são oferecidos no país por vários fabricantes e em milhares de pontos de venda”, diz uma nota divulgada pela entidade.

Neste ano, o limite máximo de 4,5% é exatamente a variação acumulada em 12 meses do IPCA, o índice oficial de inflação, calculado pelo IBGE, mas está acima das expectativas. Analistas esperam que o IPCA suba 3,75% este ano.

Mesmo assim, os reajustes autorizados pela CMED têm ficado abaixo da inflação média ao consumidor, segundo o Sindusfarma. Nas contas da entidade, de 2014 a 2024, os reajustes autorizados pelo governo acumulam uma alta de 72,7%, abaixo da variação acumulada registrada pelo IPCA, de 77,5%, no mesmo período.

Reajuste maior no Rio

No Estado do Rio, o impacto no bolso poderá ser maior. Isso porque, no último dia 20, a alíquota do ICMS passou de 18% para 20%. Somada à taxa do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECP), a alíquota chega a 22%, a maior do país. Esse aumento também deverá ser repassado aos consumidores finais.

— Haverá um impacto grande para as famílias, principalmente aquelas com aposentados, pensionistas e com pessoas que utilizam medicação de uso contínuo. É uma combinação perversa de dois aumentos. Um é previsto anualmente, o outro foi anunciado para reposição ao caixa dos estados, defasada desde a diminuição do imposto sobre os combustíveis, em 2022 — diz a economista e professora Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Embora a taxa do tributo seja mais elevada no Rio, o estado está num grupo de 11 unidades da federação que aprovaram aumentos nas alíquotas básicas do ICMS, com vigência a partir deste ano.

Sergio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, entidade nacional que representa as farmácias, afirmou, em nota, que esses governos “demonstram insensibilidade com a população mais pobre”.

Segundo o Sindusfarma, a carga tributária dos medicamentos responde por 32% do preço final ao consumidor.

Flamengo bate novo recorde com receita e reduz dívida em 79%

O Flamengo volta a quebrar recorde fora do campo. Em balanço divulgado nesta quinta-feira (28), o clube mostrou que arrecadou mais de R$ 1 bilhão pelo terceiro ano consecutivo (R$ 1,3 bilhão). Além disso, outro dado que chama a atenção é o número da dívida operacional líquida, que de R$ 227 milhões caiu para R$ 48 milhões. Uma diminuição da dívida de 79% em relação ao ano de 2022.

Dessa forma, a diretoria do Rubro-Negro pagou em 2023, apenas em débitos, R$ 179 milhões.

Assim, neste cenário, o Mais Querido encerrou o ano com um Superávit de R$ 320 milhões. Veja os números da receita.

Receita Bruta: R$ 1.374 bilhão

Receita Recorrente: R$ 1.071 bilhão

Ebitda: R$ 485 milhões

Superávit: R$ 320 milhões

Dívida Operacional Líquida: R$ 48 milhões

No documento divulgado, o Flamengo informa:

“O valor da receita bruta representa um recorde para o Flamengo e para o futebol brasileiro, mesmo considerando a atualização dos valores históricos pela inflação”, escreveu.

Em 2019, no primeiro ano da gestão de Rodolfo Landim, o Flamengo fechou o ano com R$ 466 milhões em dívidas. Desde então, o clube buscou diminuir esse valor, que chegou a subir em 2020 por conta da pandemia (R$ 585 milhões).

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Pacheco destaca entregas do Congresso e comenta pesquisa sobre o Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), comemorou nesta quarta-feira (27/3) a melhora na avaliação do Congresso Nacional, apontado pela pesquisa Datafolha, destacando as pautas aprovadas em 2023. Ele comentou que as Casas têm um “histórico de serviços prestados”, “ao contrário de discussões vazias pelas redes sociais, que só servem para ampliar o ódio e passar a falsa impressão de trabalho”.

“São entregas relevantes e concretas, dentro daquilo que verdadeiramente interessa ao Brasil. E a sociedade vem percebendo isso. Afinal, nos últimos anos, o Congresso entregou ao Brasil as reformas, como a da Previdência, a Trabalhista e a Tributária, aguardada há 40 anos”, destacou Pacheco.

O senador destacou as entregas dos marcos do Saneamento, o das Ferrovias e o da Cabotagem.

“Também aprovou as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, fundamentais para a cultura brasileira. No esporte, aprovamos a Lei Geral do Esporte e a SAF, que salvou o futebol brasileiro da falência”, listou.

“O Congresso também entregou à sociedade o projeto de lei que garante igualdade salarial para homens e mulheres, o programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes, o Desenrola Brasil, a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, para assegurar mais moradias a quem precisa”, complementou.

O presidente do Senado aproveitou, ainda, para listar pautas que ainda estão em tramitação, algumas de especial atenção do parlamentar, como o fim da reeleição; do novo código eleitoral, “para a gente ter uma lei que seja igual a cada eleição, além de uma lei sobre a inteligência artificial, que até abril a gente pretende votar”.

“Precisamos também inaugurar uma discussão muito relevante, que é a do gasto público. Precisamos combater o desperdício, os privilégios. O país precisa ser eficiente e os recursos precisam chegar a quem mais precisa. Precisamos combater às fake news, a desinformação, que tem contaminado muito a sociedade brasileira. E, acima de tudo, não podemos permitir que uma discussão sobre o combate à fome, ao desemprego, à falta de moradia, de saúde, de educação e de segurança seja colocada como uma questão de extrema-direita ou de extrema-esquerda”, pontuou ele.

O Brasil é um só e os problemas dizem respeito a todos. A sociedade brasileira quer viver em paz, ter oportunidades e evoluir.

Então, essas são situações que o Congresso vai enfrentar e continuar trabalhando para resolver, pois acredito que seja isso que os brasileiros e as brasileiras esperam do Parlamento”, finaliza a nota.

O levantamento aponta uma melhora, em comparação a 2023, da percepção da população sobre a atuação do Congresso. A pesquisa aponta que 22% dos brasileiros avaliam o trabalho dos parlamentares como ótimo ou bom, ante aos 18% do ano passado. Aqueles que consideram regular representam 53%, frente aos 43% em dezembro do ano passado. Ruim ou péssimo equivalem a 23%, em 2023 eram 35%; e não sabem: 2%, em comparação aos 4% apurados anteriormente.

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Uso do FGTS Futuro para compra de casa própria por famílias de baixa renda é aprovado

O FGTS Futuro poderá ser usado por famílias de baixa renda que querem comprar a casa própria, aprovou o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O valor, uma projeção do que será recolhido pelos empregadores nos anos seguintes, servirá para aquisição tanto de imóveis novos quanto usados.

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O uso do FGTS Futuro já estava previsto em lei, mas faltava a regulamentação final para entrar em operação. A nova modalidade será destinada, inicialmente, a famílias com renda mensal de até R$ 2.640, que compõem a Faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida.

Na prática, o FGTS Futuro poderá ajudar o trabalhador com carteira assinada a complementar a capacidade de renda da família na hora de tomar o financiamento habitacional. Caso o mutuário opte por isso, irá assumir dois contratos: um original, com o valor que ele já teria direito no formato tradicional desse tipo de financiamento, e outro complementar só com a parte do FGTS que ele iria ter direito.

Esses detalhes foram aprovados pelos conselheiros e constarão de uma resolução que será publicada no Diário Oficial da União (DOU), ainda nesta semana. A Caixa Econômica Federal, gestora do FGTS e principal operador do Minha Casa Minha Vida, já está com o sistema pronto para começar a ofertar a nova modalidade.

Em uma simulação, é possível entender como a modalidade pode contribuir para o financiamento. Na hipótese de uma família com renda de R$ 2 mil, será possível adquirir um imóvel da seguinte maneira:

Financiamento de R$ 100 mil, após análise do banco Acréscimo de R$ 10 mil do FGTS Futuro (a ser pago em até 10 anos); Ajuda extra do FGTS no valor de R$ 30 mil (benefício concedido a fundo perdido) Valor total do imóvel: R$ 140 mil

Segundo a diretriz do governo, o FGTS Futuro será bancado pela contribuição patronal de 8% do salário mensal. No caso dessa família com renda mensal de R$ 2 mil, o valor seria de R$ 160.

A expectativa do Ministério das Cidades é que 43 mil famílias poderão se beneficiar do FGTS Futuro. A medida valerá somente para novos financiamentos.

Caso o trabalhador seja demitido, não terá direito de sacar o FGTS Futuro que foi comprometido. Mas poderá sacar a multa de R$ 40% em caso de demissão sem justa causa.

No caso de perda do emprego, o trabalhador poderá negociar a Caixa a forma de pagamento, usando recursos do Seguro Desemprego, por exemplo, até uma nova colocação no mercado. Ele poderá também pedir a Caixa trégua, como suspender o pagamento das prestações por até seis meses. Neste caso, o saldo devedor é recalculado.

O FGTS reservou para este ano um orçamento de R$ 97,15 bilhões para novas contratações dentro do Minha Casa, Minha Vida e mais R$ 8,5 bilhões para quem tem conta no Fundo e não se enquadra no programa.

De modo geral, não é necessário que o beneficiário do Minha Casa tenha conta no FGTS. O valor destinado aos financiamento vem de parte do lucro anual do Fundo. Mas quem é cotista do Fundo pode usar os recursos existentes no FGTS para dar como entrada. Com a nova regra, será possível utilizar também o FGTS Futuro.

No Minha Casa Minha Vida, os juros variam entre 4% e 8,16% ao ano. O prazo de pagamento é de até 35 anos. O programa financia imóveis de até R$ 350 mil em todo o pais.

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Tarifas dos Correios terão reajuste de 4,39% a partir de abril

As tarifas dos serviços postais prestados pelos Correios terão um reajuste de 4,39%, a partir de 3 de abril. O aumento, aprovado pelo Ministério das Comunicações, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira (25/3).

O reajuste corresponde à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período janeiro-dezembro de 2023, descontado o Fator de Produtividade — o tempo que um funcionário passa fazendo alguma atividade para qual ele foi contratado.

A tarifa para envio de cartas e cartões postais de até 20 gramas, por exemplo, vai passar de R$ 2,45 para R$ 2,55, enquanto que a máxima, de 450g a 500g, foi de R$ 13,35 para R$ 13,80. O franqueamento autorizado de cartas simples também foi reajustado e pode variar entre R$ 2,27 e R$ 12,17, de acordo com o peso.

Para o telegrama nacional será cobrado R$ 10,74, via internet, R$ 12,96 por telefone e R$ 15,56, na contratação pré-paga nas agências. Para envio de malotes é necessário consultar uma tabela de distância e peso disponibilizada no site dos Correios.

Os envios internacionais, por sua vez, serão cobrados por grupos de países, separados por região.

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A fornalha ardente do Vietnã

O Vietnã é um dos países com mais longa história de resistência e superação frente a potências dispostas a sufocá-lo. É uma nação sofrida e ainda pobre, mas com facetas de grande adaptação à competitividade global de ponta. Atualmente, após superar vários obstáculos, é uma pequena potência emergente de quase 100 milhões de habitantes. Cada vez mais altamente integrado às cadeias globais de valor, o país não para de crescer economicamente, seguindo, a sua maneira, os passos trilhados pela China de combinação entre levar a sério o funcionamento do mundo capitalista sem abandonar o controle político socialista das diretrizes de governo. Enriquece-se muito e muito rápido, mas tudo é organizado para fazer sentido para a população e para a preservação do controle do Estado.

Na quarta-feira passada, o Vietnã chamou a atenção do mundo por conta da renúncia de seu presidente, Vo Van Thuong. É a segunda vez em pouco tempo que um político ocupando o cargo de presidente é forçado a abdicar. Ainda no ano passado, o então presidente Nguyen Xuan Phuc também resignou por questões similares às de Vo Van Thuong. A acusação pública, como é de praxe em qualquer lugar do mundo, é a de corrupção.

Aliás, o Vietnã vive há alguns anos sob a égide de um grande programa anticorrupção. Uma faceta que também pegou emprestado da China contemporânea. Tanto na China quanto no Vietnã, o sistema dominante usa a corrupção como tema de luta política para produzir circulação de poder. As correntes operações anticorrupção são braços da briga fratricida intrapartidária nesses dois países de partido único.

Usar a denúncia de obtenção de vantagem indevida por quem ocupa uma posição de autoridade e influência tem grande impacto na opinião pública de qualquer país.

Corruptos à parte, seja em democracias eleitorais, seja em autocracias de partido único, uma das formas mais eficientes de se livrar de oponentes indesejados é a de imputar acusações de corrupção sobre desafetos. Na China, acusar e reabilitar dirigentes é uma forma que o Partido Comunista Chinês (PCC) usa para fazer a carruagem das dinastias partidárias se fortalecerem e se enfraquecerem de tempos em tempos.

No sistema vietnamita, a presidência do país é apenas a quarta posição de maior poder político. Quem manda mesmo é o secretário-geral do Partido Comunista, posto há mais de uma década ocupado por Nguyen Phu Trong, que também acumula as outras duas principais posições de poder no país. O problema é que Trong encontra-se em meio a grande pressão para sinalizar quem será seu sucessor, após tantos anos de comando. O presidente que acaba de renunciar, Vo Van Thuong, era cotado como um dos mais possíveis substitutos de Trong. Agora que Thuong caiu em desgraça, muitas organizações com negócios e interesses no Vietnã se sentem em uma situação de incerteza. O que será que se passa no Partido Comunista?

A verdade é que o Vietnã se modernizou enormemente nos últimos anos. O país pegou um tanto da produção manufatureira que escorreu da China para sua periferia à medida que o gigante asiático ia ficando caro. Junte-se a isso algumas decisões estratégicas do governo vietnamita de forjar parcerias bastante favoráveis com multinacionais ao mesmo passo em que desenvolve marcas próprias, muitas vezes de alta tecnologia, como é o caso do setor de veículos elétricos com a Vinfast.

O país organizado em torno de suas duas grandes metrópoles — Hanoi ao norte e a Cidade de Ho Chi Minh, ao sul — deve passar incólume pela turbulência política recente. Com o PIB aumentando a uma taxa anual de 5%, o Vietnã segue na toada de grande crescimento regional na área do Leste Asiático e Pacífico.

Batizada de “Fornalha Ardente”, forma espetacular de chamar a campanha anticorrupção, a elite do Partido Comunista vai ajustando os ponteiros de uma sucessão de lideranças que combina ambições de dirigentes com notável crescimento econômico. Mantém a neutralidade entre China e EUA e tenta não assustar o investidor estrangeiro, peça fundamental do desenvolvimento econômico interno.

País de política externa pragmática e equilibrada, capaz de estabelecer parcerias estratégicas multilaterais sólidas, o Vietnã é um exemplo de recuperação. Grande produtor de café como o Brasil, nossa balança comercial é equilibrada. Mas, embora gigantes populacionais, é baixo o comércio entre os dois países. Os vietnamitas compram do Brasil soja, algodão e milho, e vendem para nós válvula, pneu, sapato e tilápia.

Estado de partido único, onde nenhuma oposição política é permitida, as relações exteriores abertas do Vietnã podem estar na origem das tensões internas entre dirigentes temerosos da influência internacional.

PAULO DELGADO, sociólogo

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‘Fim da deflação’: por que Japão deixou de ser último país com juros negativos do mundo

Conter a inflação tem sido a obsessão dos governos de todo o mundo pelo menos nos últimos dois anos. Mas durante todo esse tempo houve uma exceção: o Japão.

Enquanto os bancos centrais ao redor do mundo aumentavam suas taxas de juros para conter a alta de preços e seu impacto no poder de compra e nas condições de vida das pessoas, o Banco Central do Japão manteve taxas negativas na busca por conseguir o exato oposto: fazer com que os preços no país subissem.

Por essa razão, o Japão foi o último país em um mundo atingido pela inflação a manter taxas de juros negativas; ou seja, abaixo de zero. Até esta semana.

Na terça-feira (19/3), o Banco Central do Japão anunciou o aumento das taxas oficiais de juros, que passam de -0,1% para entre 0% e 0,1%. Uma mudança mínima, mas que significa cruzar a fronteira das taxas positivas.

A exceção japonesa, que agora chega ao fim, foi resultado de um esforço da autoridade monetária para estimular a economia, prejudicada há anos por um contexto de baixo crescimento que se refletia em preços persistentemente em queda, entre outros indicadores.

O consenso entre economistas estabelece que, em uma economia saudável, os preços não devem cair, mas sim subir moderadamente.

Os principais bancos centrais do mundo têm como objetivo que a inflação avance a taxas em torno de 2% ao ano.

Mas evitar que os preços caíssem foi durante muito tempo um objetivo difícil para os responsáveis pela economia japonesa.

“O Japão foi um dos poucos [países] que experimentaram com taxas de juros negativas; outras [autoridades monetárias] que recorreram a elas, como o Banco da Inglaterra ou o Banco Central Europeu, as abandonaram há muito tempo”, explica Ken Kutnner, especialista em economia japonesa da Universidade de Massachusetts (EUA), em conversa com a BBC News Mundo (serviço da BBC em espanhol).

O abandono da política “ultrafrouxa” do Banco Central do Japão, que tinha nas taxas negativas um de seus instrumentos mais relevantes, marca um ponto de virada para a terceira maior economia do mundo, que agora entra em nova fase.

Como funcionam os juros negativos

A implementação de taxas de juros negativas é uma medida heterodoxa e considerada radical, que implica que, em vez de receber juros pelo dinheiro depositado nos bancos — o mais comum —, os poupadores têm que pagar juros para manter seus fundos.

O objetivo é incentivar o movimento do dinheiro, favorecendo o investimento e o consumo em detrimento da poupança.

Embora a medida na prática não se aplicasse às economias dos japoneses comuns, afetava os bancos e outras entidades financeiras, que eram penalizados se não mobilizassem seus recursos através da oferta de créditos, investimentos e gastos.

Por que agora os juros negativos estão sendo abandonados

A inflação global tem aumentado persistentemente nos últimos anos.

A alta de preços tem sido impactada pelas injeções de dinheiro público com as quais os governos de todo o mundo tentaram ajudar famílias e empresas durante a pandemia de covid-19.

Outro fator são os problemas nas cadeias de suprimentos de commodities estratégicas como petróleo e cereais, agravados desde o início em 2022 pelo início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Embora os efeitos tenham sido sentidos mais lenta e suavemente no Japão devido às características de sua economia, o Banco Central do país vinha indicando há algum tempo que um aumento nas taxas de juros estava próximo.

Kazuo Ueda, presidente do Banco do Japão, insistiu na necessidade de alcançar um “ciclo virtuoso” no qual os aumentos de preços fossem acompanhados por aumentos nos salários.

Depois de muito tempo de deflação, os preços no Japão estão subindo há mais de um ano acima da meta de 2% ao ano, o que incentivou as empresas japonesas a aceitarem aumentos salariais de cerca de 5% nos acordos coletivos deste ano.

Na mesma linha, as previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foram revisadas para cima e um relatório recente do Fundo Monetário Internacional indicou que a inflação no Japão agora se deve a um aumento na demanda, algo especialmente animador quando se trata de consumidores tão tradicionalmente relutantes em gastar como os japoneses.

Tudo isso levou os responsáveis pelo Banco Central do Japão à convicção de que “o ciclo virtuoso” de Ueda “se tornou mais sólido” e eles decidiram finalmente cruzar o limiar de zero nas taxas de juros.

A decisão e o momento em que ela é adotada revelam peculiaridades da economia japonesa.

Enquanto em quase todo o resto do mundo as autoridades monetárias decidiram nos últimos anos pisar no freio da economia e aumentar constantemente as taxas de juros, no Japão apenas agora foi decidido pelo menos tirar o pé do acelerador.

Segundo Kuttner, “o Japão levou muito mais tempo do que outros países industrializados para encerrar as políticas expansionistas que se seguiram à pandemia, em parte porque o Banco Central do Japão já tentou endurecer sua política monetária ultrafrouxa no início dos anos 2000 e em 2006, e em ambas as ocasiões foi um erro que eles tiveram que corrigir rapidamente”.

“Suspeito que desta vez queriam ter certeza antes de começar a elevar as taxas”, diz o especialista.

Por que as taxas negativas foram adotadas

Foi a grande recessão que percorreu o mundo em 2008 que levou os responsáveis pela política econômica em todo o mundo a começar a contemplar uma medida incomum e extrema como a implementação de taxas de juros negativas.

À época, pensou-se que incentivar o movimento do dinheiro e do investimento favoreceria o crescimento das economias desenvolvidas, que haviam entrado em uma fase de contração e estagnação.

Assim, o Banco Central Europeu, que governa o euro, o Banco da Inglaterra, o da Suécia e alguns outros fixaram taxas abaixo de zero, algo difícil de imaginar antes da crise.

No Japão, apenas em 2016 as taxas entraram em território negativo, mas as razões para o fraco ou nulo crescimento de sua economia e a persistente e prejudicial deflação remontam a antes da crise.

O país perdeu grande parte do dinamismo que o caracterizou após a Segunda Guerra Mundial, quando experimentou um drástico desenvolvimento industrial e tecnológico.

A partir da década de 1990, começou a sofrer uma espécie de anemia econômica que os especialistas atribuíram a diversos fatores.

Com uma população muito envelhecida e mais preocupada em poupar do que em consumir, as empresas japonesas se viram obrigadas a competir em uma constante espiral de preços baixos que minou sua capacidade de gerar lucros e, consequentemente, de investir.

Essa foi a tendência até 2013, quando o então primeiro-ministro, Abe Shinzo, lançou um ambicioso programa para revitalizar a economia e o Banco Central começou a disparar uma “bazuca de estímulos”, dos quais os mais emblemáticos foram a redução das taxas de juros e a compra de títulos emitidos pelo governo.

Quais resultados as taxas negativas proporcionaram ao Japão

Os economistas fazem um balanço contraditório das taxas de juros negativas.

Uma revisão dos artigos acadêmicos publicados sobre o tema não leva a uma conclusão definitiva, nem mesmo no caso do Japão, onde estiveram em vigor por mais tempo do que em qualquer outro lugar do mundo.

A maioria dos especialistas concorda que, por si só, elas não foram suficientes para elevar o crescimento econômico, que era o objetivo prioritário quando foram estabelecidas.

Efeitos claros foram uma desvalorização do iene, a moeda japonesa, o que permitiu ao país baratear suas exportações e aumentar sua competitividade, e uma redução nos custos de financiamento do Estado, que pagava menos juros pela dívida que emitia.

Mas, da mesma forma, um iene mais fraco afetou negativamente o poder de compra das famílias e empresas japonesas.

Qual será o impacto do abandono das taxas negativas no Japão

Sempre que as taxas sobem em qualquer economia, há vencedores e perdedores.

No Japão, o governo terá que enfrentar maiores custos para pagar sua dívida, enquanto aqueles que estão pagando uma hipoteca verão um aumento nos juros do empréstimo.

Enquanto os bancos obterão mais lucros a partir dos empréstimos que concedem, as empresas e famílias terão mais dificuldade para acessá-los.

De qualquer forma, a maioria dos analistas e a reação moderada dos mercados ao anúncio do aumento das taxas levam a crer que não terá efeitos drásticos ou exagerados na economia.

Não devemos esquecer que, embora as taxas não sejam mais negativas, elas permanecem em zero ou muito próximas de zero, e o Banco Central do Japão deu sinais de que continuará com sua política favorável ao crescimento econômico.

Ninguém acredita que o Banco do Japão embarcará em uma trajetória sustentada de aumento das taxas, como fez o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, para conter os preços e o superaquecimento da economia americana.

Isso se deve à preocupação com uma possível recaída da economia japonesa em seus males mais endêmicos: a deflação e a falta de crescimento.

Como Kuttner observa, “os anos de deflação parecem ter ficado para trás, mas não podemos esquecer que foram muitos anos assim”, uma conclusão que parece ser compartilhada pelas autoridades do Banco Central do Japão.

Colégio Madre Carmem Salles aborda questões sociais em apresentação da Via Sacra

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Na próxima quarta-feira (27/3), estudantes do Colégio Madre Carmem Salles, localizado na L2 Norte, em Brasília, realizarão uma encenação da Via Sacra, que percorre os últimos passos de Jesus até a ressurreição. A apresentação ocorrerá internamente, sendo aberta a familiares dos alunos e à comunidade escolar, às 7h30. Porém, este ano, a encenação terá um diferencial, os alunos incluirão temas sociais, como violência contra a mulher, desemprego e fome.

Essa iniciativa pedagógica inovadora é coordenada pela Pastoral Escolar em parceria com os professores de ensino religioso, artes e educação física da instituição. A proposta é promover uma reflexão sobre questões importantes da sociedade atual e incentivar a empatia e a solidariedade nos estudantes.

Para conectar as pautas sociais com o tema religioso da Via Sacra, os professores utilizam o material da Campanha da Fraternidade, que é uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizada anualmente durante a Quaresma. Neste ano, o tema da campanha é Fraternidade e Amizade Social, com o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs”.

Presidente da Caixa sobre negociação com o Flamengo pelo Gasômetro: ‘Fase preliminar’

Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, falou sobre o interesse do Flamengo em construir o seu estádio no Gasômetro. Além de enaltecer o terreno, ele detalhou o andamento das conversas. Recentemente o clube carioca apresentou o projeto do estádio.

“Estamos em fase preliminar para encontrar os termos de interesse comum. A área desejada, do Gasômetro, no centro urbano do Rio de Janeiro, é muito bem localizada. Nós temos alguns parâmetros porque a Caixa administra um fundo de investimento, onde há o chamado Cepac [Certificado de Potencial Adicional de Construção], e há uma relação direta entre o valor do Cepac e o metro quadrado. É uma conta aritmética”, disse Carlos Vieira.

Posteriormente, ele foi questionado se há a possibilidade de um desfecho até o fim deste ano.

“Eu acredito que sim”, afirmou, sucintamente.

No sábado (09/03), houve uma reunião na Gávea entre Rodolfo Landim e Carlos Vieira, presidentes de Flamengo e Caixa, respectivamente. Aliás, Marcos Bodin, que é sócio do clube e tem experiência com mercado financeiro, também esteve presente na conversa.

O clube explicou seus pontos e saiu otimista da reunião. Afinal, os dirigentes rubro-negros acreditam que este projeto pode ser benéfico para Caixa. Além disso, é uma forma de revitalizar uma área central e importante do Rio de Janeiro.

A área do Gasômetro é um desejo antigo do clube carioca. O local é de um fundo de investimentos da Caixa e está avaliado em cerca de R$ 250 milhões. A diretoria rubro-negra ainda não formalizou nenhuma proposta pelo terreno.

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Dia da Felicidade: especialista detalha se é possível ser feliz o tempo todo

No dia 20 de março é comemorado o Dia Internacional da Felicidade. A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) reconhece a data e apela para “uma abordagem mais inclusiva, equitativa e equilibrada ao crescimento econômico que promova a felicidade e o bem-estar de todos os povos”.

A ONU afirma que os governos e as organizações internacionais devem investir em condições que apoiem a felicidade, defendendo os direitos humanos e incorporando o bem-estar e as dimensões ambientais nas políticas públicas, com base nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Mas não é tão fácil definir a felicidade. “A filosofia define a felicidade como o prazer do momento, mas ele se esgota. E se eu buscar mais prazer eu posso me viciar e vício não é bom. A felicidade como o saldo de uma vida, esse sim se conecta com um propósito com a nossa existência. Hoje, acho que a melhor definição é a gente pensar em felicidade como o saldo do que a gente tem feito e o quanto que isso nos deixa feliz se conecta com a nossa essência”, conceitua a pesquisadora em saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em Felicidade, Chrystina Barros.

“Estudar a felicidade significa se aproximar de conceitos que vão da filosofia, sociologia, psicologia, em especial psicologia positiva e economia, são uma série de conhecimentos. O importante é que a gente estude com base em ciência. A felicidade ela vem correndo risco de ser tratada como algo romântico um sonho de consumo de um mundo que não tem dor”, comenta. “Então a gente aprende com o conhecimento científico e levando as reflexões das nossas situações de vida para esses conhecimentos para reconhecer o sofrimento, que é algo fundamental para entender sobre felicidade.”

Em resumo, Chrystina detalha que alcançar a felicidade vem principalmente das nossas reflexões. A especialista convida as pessoas a fazer da felicidade um exercício reflexivo, feito em datas especiais, aniversários ou no Dia Internacional da Felicidade. “Isso nos ajuda a compreender o que a gente tem vivido e se isso está nos fazendo crescer. E eu gosto de uma referência me falta o nome do autor, mas a felicidade é como utopia. Ela tá ali na frente, eu dou dois passos ela se afasta dois passos eu dou mais um passo ela se afasta a gente sempre vai perseguir a felicidade enquanto a gente tiver livre, mas o fundamental é que a gente olha e reconhecendo tudo que a gente fez e se a gente vive na essência do nosso propósito hoje”,

Para Chrystina, um dos maiores desafios para a felicidade e entende-la no ambiente de trabalho. Isso por que é no trabalho que as pessoas passam a maior parte do tempo e onde as pessoas se relacionam com outras. “Um estudo mais longevo de felicidade feito por Harvard diz que o segredo da felicidade está em relacionamentos bons, sejam eles quais forem de qual natureza for”, comenta. “Por isso, (é importante) entender o trabalho e as dinâmicas do trabalho as tensões que existem e como que a gente pode encarar essa extensões gerando soluções criativas, solidárias e vivendo em comunidade”.

A busca da felicidade é algo constante e importante, mas não é possível ser feliz 365 dias por ano. Chrystina comenta que ser feliz ou triste o “tempo todo” são estados patológicos. “A vida tem sofrimentos. Até como diz a música não vai ter som, se não tiver o silêncio, não vai ter luz, se não tiver escuridão. É clichê, mas a gente precisa desses contrastes para reconhecê-los. Até para resinificarmos a nossa vida e encontrarmos felicidades, não existe como ver o tempo todo isso é o sonho tópico”.

A especialista acrescenta que essa ideia de ser feliz o tempo todo é contaminada pelas redes sociais. “Isso é mentira das redes sociais e nos coloca diante de um cenário que é impossível, isso nos frustra e nos adoece”, ressalta. “Há de se reconhecer que todo mundo vai ter dias bons, mais ou menos e ruins, e é exatamente isso que faz essa consciência e transformar isso dando sentido é o que nos traz a felicidade o saldo da nossa vida.”

A Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 12 de julho de 2012 proclamou o dia 20 de março como o Dia Internacional da Felicidade, reconhecendo a relevância da felicidade e do bem-estar como objetivos e aspirações universais na vida dos seres humanos.

A resolução foi iniciada pelo Butão, um país que reconheceu o valor da felicidade sobre o rendimento nacional desde o início da década de 1970 e adotou o objetivo da “Felicidade Nacional Bruta” sobre o Produto Nacional Bruto.

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