A Stellantis, nome da nova gigante automotiva que surgiu na semana passada da fusão dos grupos Peugeot Citroën (PSA) e Fiat Chrysler (FCA), já ingressa no mercado com 29 modelos eletricados – híbridos ou totalmente elétricos. Até o final de 2021, a companhia pretende produzir um total de 39 veículos eletrificados.
“Estamos em sintonia com o mercado”, afirmou o CEO da nova companhia, o português radicado na França, Carlos Tavares, em sua primeira entrevista à imprensa mundial transmitida pela internet.
Tavares fez um alerta ao Brasil e aos países da América Latina em relação à indústria automotiva.
“Hoje, na Stellantis, não estamos na situação que mencionamos. Continuaremos garantindo que a América Latina tenha autonomia o suficiente para continuar operando. Mas o que aconteceu na semana passada é um alerta de que existe um limite. Os governos devem decidir, eles querem ter uma indústria automotiva, sim ou não? Na Stellantis, estamos dispostos a oferecer mobilidade segura, limpa e acessível. Mas chega um momento em que os ventos contrários são muito fortes”, disse, mencionando o fechamento das fábricas da Ford no Brasil.
Ele completou o raciocínio, chamando atenção para a atuação dos governos.
“A pergunta deve ser feita aos governos locais: eles querem continuar trabalhando no caminho da redução das emissões dos carros de combustão interna ou querem enfrentar o caminho da eletrificação? É uma decisão política: nós fornecemos a tecnologia, a capacidade produção e as redes comerciais. Mas os governos devem definir suas políticas para a região”, completa o executivo.
Empresa aposta forte nos modelos elétricos
Até 2025, a empresa pretende que todos os seus modelos mundiais contem com pelo menos uma versão eletrificada.
Carlos Tavares informou, no entanto, que a disponibilidade da opção energética de veículos vai depender do governo de cada país.
“A eletrificação não é barata. Aos fabricantes cabe oferecer os produtos. Mas o que o consumidor poderá comprar depende da opção governamental”, informou.
Ele também relaciona a disponibilidade do produto à capacidade de compra.
“Nós podemos fazer (os carros elétricos), mas essa é uma questão de capacidade de compra”, destacou, explicando que, por ser uma tecnologia cara aos fabricantes, só cabem duas opções: elevar os preços ou comprometer as margens de lucro.
Além do novo Fiat 500 elétrico, já foi confirmada a comercialização do Jeep Compass híbrido e do Peugeot 208 e-GT, em uma versão elétrica que chegará da Europa, mas sem data para estrear no Brasil.
Tavares também comentou que espera que o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, enfatize a redução de emissões de gases poluentes por parte dos veículos.
“Estamos preparados e ficaremos contentes em apoiar essa decisão”, afirmou.