Monsanto enfrenta fortes geadas no Brasil

economia online2402Nas próximas semanas, a Monsanto vai saber se 2014 será um ano de agonia ou de êxtase no Brasil. A agenda institucional e jurídica da companhia prevê, até meados de março, eventos que poderão ter sério impacto sobre sua performance financeira e, por extensão, sobre a sua própria imagem no país. O primeiro deles está marcado para 28 de fevereiro. Neste dia, a Camex deverá decidir como se dará a retaliação do Brasil aos subsídios concedidos pelos Estados Unidos aos plantadores de algodão  por determinação da OMC, o governo brasileiro tem direito a aplicar uma represália comercial a produtos de origem norte-americana no valor de US$ 830 milhões. Nos últimos dias, segundo o RR apurou, diversos conselheiros e integrantes do Comitê Executivo da Camex aderiram à proposta de que parte da sanção seja aplicada mediante a suspensão do pagamento de royalties a fabricantes de sementes transgênicas norte-americanos. Neste caso, de acordo com estimativas conservadoras, a Monsanto pode deixar de receber algo em torno de US$ 200 milhões referentes à venda das sementes de soja Intacta RR2 PRO e de algodão Bolgard II RR.

A tensão da Monsanto não se limita à data de 28 de fevereiro e, muito menos, à possível enxadada de US$ 200 milhões em sua contabilidade. Outras pragas, ainda mais assustadoras, rondam as lavouras dos norte-americanos. Em meados de março, a Justiça deverá se manifestar em relação ao recurso impetrado pela companhia com o objetivo de derrubar a decisão da 16ª Vara Cível de Porto Alegre, que concedeu uma liminar favorável à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetag-RS). A Monsanto é acusada de impor aos agricultores condições draconianas nas negociações para a venda de sementes transgênicas. Só teriam direito a descontos e prazos especiais de pagamento os produtores que abrissem mão do direito de exigir da empresa indenizações por supostas cobranças indevidas na comercialização da semente RR1 nos anos de 2011 e 2012. As ações movidas contra a Monsanto somam mais de R$ 2 bilhões  praticamente dois terços do faturamento anual do grupo no país.

Para a Monsanto, os dois assuntos são praticamente irmãos xifópagos: o veredito da Justiça gaúcha está intimamente ligado ao que ocorrer no dia 28 de fevereiro, na reunião da Camex. Se a Câmara de Comércio Exterior aprovar a retaliação às sementes da empresa, a ambiência ficará ainda mais desfavorável para os norte-americanos. Os agricultores ganharão força, reduzindo consideravelmente as chances de a Justiça acatar o recurso da companhia. Até porque, por essas e por outras, não é de hoje que a Monsanto convive com o rótulo de “inimiga número 1 dos agricultores brasileiros”.

Fonte: Relatório Reservado

 

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