A Usiminas registrou um prejuízo líquido de R$ 24 milhões no terceiro trimestre deste ano, contra um lucro líquido de R$ 129 milhões do segundo trimestre. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 357 milhões, queda de 35% em relação ao período anterior. “Temos muito o que trabalhar internamente para melhorar a nossa competitividade. E isso significa olhar de forma responsável para os nossos custos operacionais, com uma visão industrial mais rigorosa”, disse o presidente Rômel Erwin de Souza, que divulgou nesta quarta os resultados.
No mercado, a culpa pelo fiasco no terceiro trimestre está no discurso dos argentinos – nos últimos dois anos, o presidente foi Julián Eguren. “O que sustentou os bons resultados de Eguren foi apenas fatores externos, quando o mercado estava melhor”, disse uma fonte. “Se a empresa tivesse os custos controlados como ele (Eguren) tanto pregou, esse resultado negativo seria amortecido, mas na primeira queda de mercado, a Usiminas já teve prejuízo”, disse a fonte.
A reclamação se baseia em números: no terceiro trimestre de 2013, eram necessários R$ 1.708 para fazer uma tonelada de aço. No mesmo período deste ano, o custo da Usiminas pulou para R$ 1.809. “As ineficiências operacionais estão nos alto-fornos e sinterização das usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão (SP)”, informou a fonte, lembrando que o custo das matérias-prima como minério e carvão caíram. “Que turnaround (reviravolta na empresa) é esse que não sustenta um resultado quando o mercado cai”, critica.
No terceiro trimestre, o volume total de vendas de aço, de 1,4 milhão de toneladas, apresentou queda de 4% se comparado ao segundo trimestre. O volume comercializado no mercado interno teve queda de 14% principalmente devido à desaceleração de vários setores industriais. Em função da menor demanda no mercado interno, a Usiminas direcionou ao mercado externo 337 mil toneladas. A produção de aço bruto das usinas de Ipatinga e de Cubatão foi de 1,4 milhão de ton, 12% menor que o período anterior.
Rômel de Souza está há quase 40 anos na Usiminas e é uma pessoa que tem muito respaldo dos funcionários. O mandato dele é temporário até que os acionistas entrem em um consenso.
Durante este ano, a auditoria interna da Usiminas fez um relatório constatando que o presidente da Usiminas, Julián Eguren, e os vice-presidentes Marcelo Chara e Paolo Bassetti – os três indicados pelo acionista Techint – receberam bônus e benefícios irregulares que, somados, chegam a cerca de R$ 1 milhão.
Os desvios foram ratificados pelas auditorias ErnestYoung e a Delloitte. Por isso, em 25 setembro, o Conselho da Usiminas decidiu destituir dos cargos Eguren, Chara e Bassetti.
Fonte: OTempo