Ao que tudo indica, o ex-diretor do BC Demósthenes Madureira de Pinho Neto, o “Demosthinho”, hoje no Conselho de Administração do Itaú e no comando da Brasil Warrant, holding do Grupo Moreira Salles, vai se tornar uma espécie de “interventor branco” da Santander Asset Management. Ao menos no que depender da vontade da General Atlantic e da Warburg Capital, donas de 50% da gestora de recursos. Demósthenes é o nome que a dupla carrega no bolso do colete para tomar as rédeas da empresa. O histórico de “Demosthinho”, que nunca foi de recusar pelejas, faz dele o homem certo no lugar certo. Para quem enfrentou a crise da liquidação do Marka e do FonteCindam, encarou uma duríssima CPI e atravessou um longo purgatório jurídico, sem jamais fraquejar, a contenda corporativa que o espera na Santander Asset Management é quase um passatempo.
Desde o ano passado, quando General Capital e Warburg compraram metade do capital da Santander Asset Management, o controle é compartilhado entre os norte-americanos e o próprio grupo espanhol. Bem, no caso da subsidiária brasileira, “compartilhado” é uma força de expressão que não reflete fielmente as circunstâncias. Os dois private equities não parecem muito dispostos a respeitar a linha divisória. Ambos vêm interferindo cada vez mais na estratégia e na gestão da administradora de recursos. Acabou sobrando para a própria diretora-executiva da Santander Asset Management no país, Luciane Ribeiro. Os norte – americanos não têm nada contra a executiva – até reconhecem os bons serviços prestados por ela nos oito anos de sua gestão. Apenas querem o seu lugar.
No duelo de forças com o Santander, apear do cargo uma executiva tão identificada com os espanhóis e substitui-la por um nome de sua predileção e confiança, como é o caso de Demósthenes Madureira de Pinho, daria à General Atlantic e à Warburg uma inegável vantagem. O fato é que a informação provocou um rebuliço entre as partes interessadas. Choveram respostas. Oficialmente, a Santander Asset Management negou mudanças na diretoria. Também procurado, o próprio Demósthenes Pinho garantiu que não deixará nem o Conselho do Itaú nem a Brasil Warrant. O único silêncio veio do Itaú, que não se pronunciou sobre o assunto.
Neste enredo, não existem bons ou maus, apenas ações e reações. Ao avançar suas tropas, General Atlantic e Warburg estariam se aproveitando de um vácuo deixado pelo próprio Santander. Os espanhóis teriam, digamos assim, afrouxado as rédeas no comando do asset management, um relaxamento que reforça as dúvidas em relação às suas reais intenções para o segmento. Quando a venda de metade do controle mundial da Santander Asset Management foi fechada, surgiram na própria imprensa espanhola especulações sobre a futura permanência do grupo no negócio, ao menos no atual modelo.
Fonte: Blog IG Relatório Reservado