A Petrobras divulgou na noite de ontem o seu balanço financeiro do segundo trimestre deste ano, o primeiro da gestão de Magda Chambriard, com algumas surpresas. Diferentemente das projeções de analistas de mercado, a petrolífera registrou um prejuízo de R$ 2,605 bilhões no período, a primeira perda trimestral desde 2020.

Além disso, dois meses após o presidente Lula ter trocado Jean Paul Prates por Magda no comando da Petrobras para, entre outras missões, acelerar os projetos da estatal, a companhia informou que reduziu sua previsão de investimentos para 2024. E manteve o patamar de distribuição de lucros aos acionistas, um tema que divide o governo e foi apontado como uma das razões para a queda de Prates.

Veja a seguir os principais destaques do balanço da Petrobras

Primeiro prejuízo desde a pandemia

A Petrobras teve um prejuízo de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre deste ano. No mesmo período do ano passado, a empresa teve lucro líquido de R$ 28,7 bilhões. O resultado ficou distante das projeções dos analistas de mercado. A maioria das previsões indicava um ganho entre R$ 11 bilhões e R$ 14 bilhões no segundo trimestre.

O balanço da estatal foi impactado por um acordo bilionário firmado entre a estatal e o governo, destinado a encerrar litígios tributários relacionados ao pagamento de afretamento de embarcações e por despesas trabalhistas. Juntos, os dois itens levaram a perdas de R$ 2,6 bilhões.

Também influenciou a variação cambial marcada pela desvalorização do real na segunda metade do primeiro semestre, potencializada, entre outros motivos, por declarações do presidente Lula que levantaram dúvidas sobre a política fiscal do governo e sua futura indicação para o comando do Banco Central. Segundo a Petrobras, excluindo estes três fatores, o lucro líquido teria sido de R$ 28 bilhões no segundo trimestre.

Fernando Melgarejo, diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores, declarou em comunicado que o “resultado líquido do trimestre deve ser analisado à luz de eventos que impactaram o resultado contábil, mas sem impacto relevante no caixa da empresa”.

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Este é o primeiro prejuízo da Petrobras em quase quatro anos. O último foi no terceiro trimestre de 2020, quando as contas da empresa sofreram forte impacto da pandemia. A estatal teve um prejuízo de R$ 1,5 bilhão entre julho e setembro daquele ano por causa do impacto das medidas de isolamento na cotação internacional do petróleo e nas vendas de combustíveis.

Dividendos de R$ 13,5 bi

Mesmo com o resultado no vermelho, a Petrobras liderada por Magda anunciou a distribuição de R$ 13,57 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio referentes ao segundo trimestre, praticamente o mesmo patamar anunciado pela empresa em maio, ainda sob a direção de Prates, em relação ao primeiro trimestre.

Maior acionista da Petrobras, o governo federal ficará com 28,67% destes dividendos, algo bem-vindo no momento em que a equipe econômica tem dificuldades para cortar gastos públicos e cumprir a meta de déficit zero estabelecia para este ano pelo novo arcabouço fiscal.

A maioria dos bancos estimava uma distribuição de cerca de US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 15,7 bilhões) de acordo com o resultado de abril a junho deste ano.

Corte na previsão de investimento

A Petrobras reduziu sua projeção de investimento para esse ano. O valor passou de US$ 18,5 bilhões para um patamar entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões.

Segundo a estatal, a redução ocorre por conta do segmento de exploração e produção para US$ 11,1 a US$ 12,1 bilhões para este ano. A previsão anterior do plano era de US$ 15,5 bilhões.

“Este patamar de investimentos não impacta a curva de produção de petróleo e gás e representa um aumento de 7% a 15% em comparação ao investimento realizado em 2023”, informou o comunicado da Petrobras. Segundo a estatal, a nova projeção tem como base informações a que a companhia tem acesso no momento.

Alta nas vendas

Apesar do prejuízo, a receita de vendas da empresa chegou a R$ 122,2 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 7,4%. No semestre, o valor chegou a R$ 239,9 bilhões, alta de 3,9%. Segundo a estatal, o resultado reflete a valorização do preço do barril do petróleo e alta das exportações.

Na semana passada, a companhia informou que o volume de vendas de combustíveis, no segundo trimestre deste ano teve um recuo de 1,3% em relação ao mesmo período de 2023. A retração foi puxada pela gasolina, com queda de 8,3%, e pelo diesel, com retração de 0,6%.

Entre abril e junho, a média de produção de petróleo e gás ficou em 2,699 milhões de barris diários, uma queda de 2,8% em relação ao primeiro trimestre deste ano. O recuo trimestral foi causado pela redução no pré-sal, devido ao volume de paradas programadas.

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Colaborou Alexandre Rodrigues

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