Lisboa — Ao dar posse ao novo governo, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, fez questão de enviar uma série de recados ao primeiro-ministro, Luís Montenegro. O mais contundente deles foi o que o tempo para que as promessas de campanha sejam cumpridas é muito curto. Há, no entender do presidente, boas condições internas para que se possa avançar nas soluções para a habitação, a saúde, a educação e a segurança pública. Para isso, basta que a nova administração não crie problemas onde não existe.
“Onde não temos problemas, não os devemos criá-los, como no consenso sobre mais crescimento, investimento e exportações, no equilíbrio das contas públicas, na atenção à dívida externa, pública e privada, e no aproveitamento das vantagens da segurança”, afirmou Rebelo de Sousa. Esse alerta, acrescentou, é extremamente importante diante das más condições externas. “Temos um mundo pior agora do que em 2023 e que pode piorar, dependendo da influência das eleições norte-americanas nas guerras, e das guerras na economia, no crescimento, na inflação e nos juros”, frisou.
Para ele, quando foram às urnas, em 10 de março último, os portugueses optaram por dar um mandato a um grupo moderado, representado pela Aliança Democrática. “Os eleitores não escolheram nem o partido que governou nos últimos anos, inclusive com maioria absoluta, nem aquele mais radical”, assinalou. Ele destacou ainda o fato de os eleitores terem saído de casa para exercer o direito do voto, em especial, os maios jovens, que ajudaram a reduzir em mais de 10 pontos percentuais os índices de abstenção. “Foi um voto de fé na democracia. Ao inverter a abstenção que parecia imparável, o eleitor quis dizer que o voto vale sempre a pena, que a liberdade vale sempre a pena, que a democracia vale sempre a pena”, ressaltou.
Na opinião do presidente, o diálogo será fundamental para o sucesso do governo agora empossado, sobretudo, porque não conseguiu fazer maioria na Assembleia da República. Será preciso uma ampla negociação para que o país avance nas reformas estruturais, reorganize o modelo do Sistema Nacional de Saúde (SNS), de forma a preservá-lo, melhore a educação e se alie ao setor público para equacionar os gravíssimos problemas na área de habitação, sem esquecer o papel do Estado nesse contexto, de proteger os mais vulneráveis.
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