Desde que a pandemia do novo coronavírus impôs necessárias regras de isolamento social, o setor de transporte do estado do Rio vem definhando nesta que parece ser uma das mais graves crises de sua história. Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, houve uma redução de 72% na demanda por ônibus no Rio desde o início das restrições de circulação, no mês de março. Para as empresas do segmento, a redução de passageiros se traduz em prejuízos financeiros, que já ultrapassam a cifra de R$ 843 milhões.
Em meio a esta crise, surpreende positivamente a forma com que a entidade representativa do setor, a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) vem lidando com o problema. Em posicionamentos recentes, em entrevistas à imprensa, o presidente da Federação, Armando Guerra Júnior, trouxe um olhar técnico para o colapso do setor.
Guerra é um gestor experiente, que passou por empresas de diversos setores. No meio desta pandemia, propôs um debate que vai além das dificuldades enfrentadas pelos diversos segmentos econômicos: a discussão dos critérios de composição do preço da tarifa de ônibus e seus impactos no bolso do consumidor final. O cidadão precisa de transporte público para viver. Parece óbvio, mas não é.
A discussão dos critérios para formação de preços é um dos itens que compõem uma antiga demanda reprimida: o repensamento do modelo de financiamento da mobilidade urbana em todo o país. Serão palavras de ordem a avaliação extremamente técnica dos subsídios, o full disclosure de todos os dados operacionais e financeiros e a colaboração público- privada firme e harmônica. O presidente da Fetranspor estimulou a reflexão sobre a oportunidade de incluir entre os temas das reformas estruturais o transporte urbano. Fica a sugestão para as autoridades responsáveis.
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