A possibilidade de investir em mercados pouco explorados como nos Emirados Árabes Unidos e até no Japão, por exemplo, tem feito com que as redes de franquias brasileiras mirem novas fronteiras. Hoje, apenas 3,8% dos players apostam no exterior.
Atualmente 105 marcas brasileiras atuam em solo estrangeiro e mercados como o do Japão e dos Emirados Árabes, por exemplo, têm apresentado excelentes oportunidades de investimento, assim como a China e o Paraguai também parecem locais promissores. “Temos um longo caminho a percorrer, mas bons exemplos começam a dar resultados”, disse o diretor internacional da Associação Brasileira de Franchising (ABF), André Friedheim.
O executivo mencionou casos como o da rede de óculos Chilli Beans – com plano de ter 250 lojas em 30 países em curto prazo – e dos players do ramo de alimentação Giraffas e Vivenda do Camarão, com projetos em grande desenvolvimento, como prova de que é possível se arriscar em outros mercados.
Na Vivenda do Camarão, a expectativa é 25 lojas no exterior até 2015 e isso consumiria investimentos na ordem de R$ 2 milhões, conforme afirmou anteriormente ao DCI o sócio diretor da marca, Rodrigo Perri. Até o final deste ano, a projeção da rede, que no exterior se chama Shrimp House, é chegar a seis unidades. No final do ano passado, a marca inaugurou as primeiras lojas nos EUA. Hoje são cinco unidades em operação em DadelanMall, Boca Raton entre outros locais, disse a empresa.
Outra rede que tem despontado no exterior é a grife de sapatos e acessórios Carmen Steffens. São 35 lojas no exterior, sendo 12 unidades próprias. O ranking da ABF destaca outras empresas como O Boticário, Dumond, Wizard Idiomas, Victor Hugo, sendo que essas empresas mencionadas atuam em cinco ou mais países. “Outros dois exemplos são os da Localiza (aluguel de carros) e da Igui, de piscinas. Ambas têm apresentado um crescimento expressivo no exterior”, disse o diretor de inteligência da ABF, Rogério Feijó.
Entre os setores que mais exportam serviços, destaque para o de alimentação, com 19% de marcas no exterior, empatado está o segmento de acessórios pessoais e calçados. Vestuário vem com 15,7%; esportes, saúde beleza e lazer, 14%. Com participação que varia de entre 1,6% a 9% estão as categorias veículos, informática, limpeza e conservação, negócios, serviços e conveniência e educação e treinamento.
No segmento de esportes, vale ressaltar o plano divulgado pelo Grupo Bio Ritmo. Ao DCI, o presidente da empresa, Edgard Corona, afirmou que só com a marca Smart Fit a projeção é ter 30 unidades no México e cinco no Chile, em 2015. Hoje, as redes de academias somam 165 operações da Smart Fit e 28 da Bio Ritmo.
Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), analisados por especialistas em internacionalização da ESPM, apontam que o setor só não deslanchou totalmente por conta da desinformação em relação aos benefícios que isso pode trazer. “Hoje 95% do franchising no País está no mercado doméstico”, disse a professora doutora da ESPM, Thelma Rocha Rodrigues.
Para a pesquisadora, quem se arrisca no exterior deve estar disposto a ter uma gestão profissionalizada e específica para os novos mercados. Precisa adequar o mix para cada região e, aí assim, conseguir ampliar mais a presença em outros mercados. “Nós dividimos a atuação das franquias em estágios. São quatro etapas distintas, que vão do empresário com uma única unidade lá fora, até os profissionalizados, que atuam em cinco países”.
“O Brasil hoje vive a realidade do mercado norte-americano de franchising em 1995”, acredita a especialista da ESPM. Para Thelma, as empresas pensem hoje no mercado externo de forma mais efetiva. Além disso, iniciativas como a da ABF com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e investimento (Apex) têm tido resultados interessantes.
Desde 1990, o programa EB-5 do governo norte-americano busca investidores brasileiros para os EUA, explicou o diretor da Global Franchise Latin America, que ajuda nessa procura, Wagner Lopes D’Almeida. “O projeto tornou-se mais forte em 2008, quando os EUA entraram em crise”, disse.
Para resolver parcialmente o problema da falta de investimento, o governo federal dos EUA auxilia os empresários do País com o green card (visto de permanência no país) e a residência. “A exigência é investir de US$ 500 a US$ 1 milhão em regiões de alto desemprego, num empreendimento que gere 10 empregos em dois anos”.
No ano passado, 6.343 estrangeiros se candidataram a um visto EB-5, em comparação aos 6.040 em 2012. Em 2006 foram apenas 470, segundo os dados mais recentes da agência de Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos. O órgão estima que até setembro de 2013, o programa tenha arrecadado cerca de US$ 8,6 bilhões.