A elite dos economistas do mercado financeiro, formado por um grupo de cinco instituições que mais acertam as projeções para a inflação oficial (IPCA) no médio prazo, já prevê um índice acima do teto da meta de 6,5% perseguida pelo Banco Central. O relatório Focus, divulgado ontem mostra que o chamado “Top 5” dos analistas projeta taxa de 6,51% para o acumulado de 2014. Na semana anterior, a estimativa era de 6,31%.
Além da disparada da taxa nas planilhas desse pequeno grupo, houve a elevação generalizada depois que o IPCA de setembro bateu em 0,57%, bem acima da projeção de 0,44%. Na pesquisa geral, onde opinam cerca de 100 instituições, a taxa para o fim deste ano passou de 6,32% para 6,45% – também encostada no teto da meta.
Para o próximo ano, a perspectiva é de uma taxa ainda alta, mas abaixo de 2014. O relatório Focus mostrou estabilidade ou ligeira queda nessas previsões. Os analistas consultados contam com inflação ao consumidor de 6,30% no acumulado de 2015, mesma taxa estimada na semana anterior. O grupo “Top 5” projeta variação de 6,38% – uma semana atrás, previa 6,40%.
Se para a inflação houve deterioração, a estimativa de crescimento para 2014 trouxe certo alívio depois de cinco meses de quedas contínuas. Pela primeira vez após 19 semanas, o mercado financeiro deu uma trégua para o Produto Interno Bruto (PIB). A previsão de avanço foi de 0,24% para 0,28%. Importante depois de tanto tempo de piora. Para o BC, a expectativa oficial de expansão econômica neste ano é de 0,7%. O Ministério da Fazenda ainda trabalha com 0,9% de crescimento do PIB.
Ajudaram na melhora as projeções menos ruins para os setores industrial e de serviços para este ano. Ainda assim, o PIB industrial seguirá em queda de 1,45%, segundo os economistas – variação menor que os 1,55% previstos no levantamento anterior. As previsões para o setor de serviços passaram de 0,90% para 0,99%. Apesar de ter a maior expectativa de crescimento, a agricultura não contribuiu para essa melhora das estimativas para o PIB geral. Permaneceu com alta de 1,92% da semana passada para a atual.
Entre o primeiro e o segundo turnos da eleição presidencial, os analistas não mudaram suas expectativas para o câmbio e a taxa básica de juros, a Selic. O dólar é cotado a R$ 2,40 neste ano e a R$ 2,50 para o fim de 2015. Para os juros, previsão é de manutenção da taxa atual de 11% ao ano até março do próximo ano.