O governo prepara uma ampla ofensiva para combater o contrabando de cigarros. O entendimento é que o comércio ilegal deve ser tratado como uma questão multilateral e prioritária na agenda de negociações. As discussões serão levadas para o âmbito do Mercosul. A ideia é criar uma tour de force entre os países integrantes do bloco envolvendo os respectivos serviços de inteligência e segurança, autoridades alfandegárias e a área diplomática. Nos últimos três anos, o contrabando de cigarros para o Brasil cresceu mais de 50%. Para 2014, a previsão é que mais de 32 bilhões de unidades “made in Paraguai” entrem ilegalmente no país. Este “Mercofumo” já responde por mais de um terço do mercado brasileiro.
Não obstante a complicada vizinhança, o inferno não são apenas os outros. O governo sabe que é parte determinante do problema. Ao longo dos anos, ele próprio se tornou o maior fomentador do contrabando de cigarros, por conta dos sucessivos aumentos da carga tributária sobre a indústria do tabaco. Acabou criando um doloroso trade off: quanto mais imposto – intenção natural do governo – menos arrecadação. Neste ano, a perda fiscal imposta pelo mercado negro de cigarros deve chegar a R$ 4,5 bilhões. Ou seja: para o Estado, combater o contrabando não é apenas uma questão legal ou de saúde pública. É pragmatismo puro.
Fonte: Relatório Reservado / iG