A fabricante de papel e celulose Suzano planeja aumentar sua base florestal para fornecimento de madeira na recém-inaugurada fábrica em Imperatriz (MA), elevando o abastecimento próprio que atualmente responde por 40% do total, disse o presidente da companhia, Walter Schalka, em entrevista à Reuters.
A empresa iniciou as operações na fábrica, que tem capacidade para 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, no fim de dezembro de 2013. A estimativa é que a unidade produza 1,1 milhão de toneladas em 2014, com vendas de 1 milhão de toneladas.
“Estamos aumentando nossa base florestal na região, com terras compradas, arrendadas e/ou fomento para aumentar o abastecimento próprio”, disse o executivo à Reuters.
Além dos 40% de madeira própria, a Suzano obtém 30% do abastecimento por meio de um contrato com prazo de 14 anos com a Vale Florestar, empresa que tem como acionistas Vale, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e fundos de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef) e da Petrobras (Petros).
Os outros 30% restantes são madeiras de terceiros, que a Suzano tem comprado na região.
Segundo Schalka, os investimentos na compra de terras já estão previstos nos planos para 2014, e “não são elevados”. A Suzano prevê investimentos de R$ 1,75 bilhão neste ano, sendo R$ 590 milhões na fábrica no Maranhão.
O executivo ressaltou ainda que o cenário de maior capacidade no setor de celulose, com a inauguração de outras fábricas além da unidade da Suzano, não afetará a nova unidade. “Maranhão vai ser a fábrica de menor custo caixa do nosso sistema, a mais competitiva de todas e por isso vai operar durante todo o momento”, disse.
Porém, o aumento de capacidade já deve ter impactos nos preços de celulose, interrompendo a sequência de reajustes feitos no ano passado. A Suzano chegou a anunciar um aumento no preço da tonelada para janeiro, mas não conseguiu implementá-lo.
“A percepção é que compradores estão tentando se aproveitar de uma situação que não é real. O início de operação em Maranhão e potencial partida de fábrica da Stora Enso [no Uruguai], fez muitos compradores, vendo que vai ter excesso de oferta, acharem que nós deveríamos reduzir o preço. Com isso, o preço tem se mantido estável. Mas celulose do Maranhão e de Montes del Plata não chegaram no mercado”, afirmou.
A própria fábrica de Maranhão pode ter sua capacidade elevada, mas Schalka descartou isso no médio prazo. “Nós temos áreas da fábrica projetadas para ter capacidades maiores, a 1,7 milhão de toneladas, mas nós não antevemos aumento de capacidade nos primeiros anos. Vamos procurar estabilizar a planta em 1,5 milhão.”
Energia e água
A Suzano já vende energia excedente obtida na fábrica de Maranhão com o processo de produção de celulose, sendo parte para fornecedores da unidade e parte para o mercado livre.
“Temos contrato de fornecimento para nossos fornecedores aqui no site. Alguns deles necessitam de energia e já temos essa parte contratada. O restante vamos colocar na rede. Nós não temos nenhum contrato. Neste momento estamos vendendo no mercado livre, a um preço bastante elevado”, disse.
“Nós tivemos superavit [de energia] desde janeiro. Esses superavits são crescentes conforme a planta vai aumentando de volume.”
Ainda assim, Schalka evitou dizer se a empresa poderia ser beneficiada em um cenário de racionamento de energia, aproveitando-se de preços maiores. “Nossa unidade de Suzano (SP) em parte tem contrato de abastecimento e em parte nós também estamos contratando no mercado também a preços elevados.”
Sobre o risco de racionamento de água em São Paulo, onde o sistema Cantareira está com nível abaixo de 15%, o executivo afirmou que a situação preocupa, mas não deve levar a uma redução de produção da empresa no Estado, já que a Suzano tem outorga de captação e não é abastecida com água da rede.
Em São Paulo, a companhia tem fábricas na cidade que dá nome à empresa e em Limeira.
Fonte: UOL